Após o estado de São Paulo registrar 340 mortes de terça para quarta, novo recorde de óbitos diários pelo novo coronavírus, o governador João Doria estendeu a quarentena por mais 15 dias em cidades do interior que apresentaram aumento de casos. No sentido inverso, a capital paulista autorizou a reabertura de shoppings por quatro horas a partir de hoje. No Rio, a capital fluminense também antecipou a liberação para centros de compras abrirem as portas.
Na Grande São Paulo, será permitida retomada de apenas 20% da capacidade de cada shopping. Eles também terão de oferecer álcool em gel, medir a temperatura dos clientes e agir para evitar aglomerações. “Ainda estamos em quarentena, ainda peço para a população usar máscara, evitar aglomeração e evitar sair de casa. Discutir os protocolos com os setores é a forma que dá mais tranquilidade de que a gente não vá retroceder à fase anterior”, disse o prefeito Bruno Covas.
No estado paulista, a diferença de conduta entre as cidades é explicada pelo Plano São Paulo, conjunto de ações do governo paulista para acompanhar a evolução da epidemia de forma regionalizada. Isso implica em uma quarentena “heterogênea”, que segue um protocolo dividido em cinco fases, do nível máximo de restrição de atividades não essenciais (vermelho) a etapas identificadas como controle (laranja), flexibilização (amarelo), abertura parcial (verde) e normal controlado (azul).
Assim como a Grande São Paulo, a Baixada Santista e o Vale do Ribeira também estão autorizados a reabrirem shoppings e comércio de rua por quatro horas, além de imobiliárias e concessionárias. Isso porque elas migraram da classificação “vermelha” para a “laranja” após reduzirem o número de novos casos e aumentarem a quantidade de leitos de internação. “A epidemia desacelerou nesses lugares”, explicou o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. As três regiões, juntas, concentram 26% da população do estado.
Em movimento contrário, as regiões de Ribeirão Preto, Barretos e Presidente Prudente registraram aumento de novos casos de covid-19 e da taxa de ocupação dos leitos de UTI. Por isso, recuaram da zona “amarela” para a “vermelha”. Como consequência, as medidas de distanciamento serão endurecidas, com a liberação apenas dos serviços considerados essenciais. Portanto as atividades retomadas em 1º de junho voltarão a ser fechadas a partir de segunda-feira até 28 de junho, quando será realizada uma nova avaliação.
“Estudos apresentados apontavam que os casos estabilizariam na região metropolitana e aumentariam no interior do estado. Foi exatamente o que aconteceu. Com o Plano São Paulo podemos atuar melhor em cada região do estado. Claramente, temos um aumento de casos em regiões de Barretos, Presidente Prudente e Ribeirão Preto”, justificou Doria, em coletiva de imprensa.
Uma semana antes
A reabertura dos mais de 30 shoppings da capital do Rio de Janeiro foi antecipada para hoje, em pleno feriado de Corpus Christi, após o prefeito Marcelo Crivella se reunir com empresários do setor. A volta estava prevista para a próxima semana.
A cidade, porém, está com cerca de 89% dos leitos de UTI ocupados. O plano de retomada do município considera que a flexibilização das fases um e dois pode continuar enquanto a ocupação média for menor ou igual a 95% por sete dias.
Para que a liberação ocorresse na véspera do Dia dos Namorados, foram acordadas regras. Os estabelecimentos precisarão apresentar à prefeitura documentos que comprovem a limpeza dos aparelhos de ar-condicionado e dutos de ar, as portas terão de ficar abertas para aumentar a circulação de ar, terá de fazer a medição de temperatura dos frequentadores na entrada, o uso de máscaras para os colaboradores e clientes é obrigatório e o distanciamento recomendado entre as pessoas é de 2 metros.
A prefeitura pretende pedir aos shoppings que compartilhem os sistemas de câmeras com o Centro de Operações Rio e solicitar que guardas municipais apoiem os estabelecimentos para cumprirem as exigências. O prefeito pediu, ainda, que os shoppings sem condições de cumprir todas as exigências não abram as lojas.