Brasil

Mais de 125 mil mortes até agosto

Com mais 1.039 óbitos em 24 horas, o Brasil se consolidou como a nação com o maior número diário de fatalidades do mundo. Com 24.512 vidas perdidas e 391 mil infecções, projeções internacionais preveem explosão de registros no país nas próximas semanas



O Brasil voltou a confirmar mais de mil mortes pelo novo coronavírus em 24 horas, liderando novamente o ranking de países com mais fatalidades diárias pela doença. Foram 1.039 óbitos de segunda para terça, 447 a mais que nos Estados Unidos. O número de novos casos da doença continua a crescer de forma exponencial e mais 16.324 brasileiros foram infectados pelo vírus, totalizando 391.222 casos confirmados no país. O Brasil já é o segundo colocado em todo o mundo em relação ao número acumulado de infecções — atrás apenas dos EUA, que vêm registrando, nos últimos dias, números inferiores na comparação com o início do mês. Enquanto os números começam a cair por lá, por aqui a expectativa é de alta.

Segundo a universidade Johns Hopkins, o Brasil está em sexto lugar no ranking de mortes, ficando atrás dos EUA, Reino Unido, Itália, França e Espanha, nesta ordem. Mas o cenário no país pode piorar bastante, com registro de 125.833 óbitos pela covid-19 até o início de agosto. Essa é a projeção atualizada da Universidade de Washington, que traz cenário mais pessimista do que o previsto pelo mesmo grupo há duas semanas. O modelo do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da universidade, é o que tem embasado políticas de saúde da Casa Branca.

Em 12 de maio, quando o modelo estatístico passou a abranger o Brasil, a previsão era a de que o país registrasse 88 mil mortes até 4 de agosto. Mas a atualização da análise inclui previsões para 19 estados brasileiros, 11 a mais do que a projeção anterior. O intervalo possível traçado pelo IHME prevê mínimo de 68.311 mortes no país até o início de agosto e máximo de 221.078. O modelo aponta que entre 23 de junho e 20 de julho o Brasil deve registrar mais de 1,5 mil mortes diárias por covid, sendo o pico em 13 de julho, com 1.526 óbitos em um único dia.

Em agosto, o país estará na curva descendente, mas ainda com mais de 1,3 mil mortes diárias. Se as infecções levarem o Brasil a seguir a trajetória mais sombria traçada pela instituição, o pico aconteceria antes, em 16 de junho, com 3.059 mortes em um período de 24 horas. Confirmadas as projeções médias do IHME, o Brasil terá taxa de 63,85 mortes por 100 mil habitantes, menor apenas do que as que devem ser registradas até agosto na Itália (71,79), Espanha (78,74) e Reino Unido (66,03).

Diretrizes
Em coletiva de imprensa do Ministério da Saúde, o secretário substituto de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário, afirmou que “a curva de casos no Brasil ainda é crescente comparada com outros países que já estão passando por uma situação de estabilidade e, até mesmo, de retorno a uma nova normalidade. A situação no Brasil ainda é de bastante risco e de bastante alerta para todos os serviços de saúde, para a população em geral.” 

Somente São Paulo, que lidera os números da covid no país, soma 6.423 mortes e 86.017 casos, ultrapassando a China em total de infectados (leia mais ao lado). Rio de Janeiro aparece em seguida, com 4.361 óbitos. Superando a barreira dos mil também estão Ceará (2.603), Pará (2.469), Pernambuco (2.328) e Amazonas (1.852). Juntos, os seis estados somam 20.036 perdas, ou seja, 81,7% das mortes confirmadas. Todos os 26 estados do Brasil, mais o Distrito Federal, já registraram casos e mortes.  

Por ser um território de extensão continental, em meio ao crescimento exponencial de casos e mortes, Eduardo Macário explicou que o pico de casos deve variar de acordo com a região. Segundo o secretário, Norte e Nordeste estão em período sazonal de doenças respiratórias, enquanto, no Sul, por exemplo, os vírus respiratórios são previstos para o próximo mês. 

Questionado pelo Correio sobre a divulgação das diretrizes que servirão para balizar os estados e municípios quanto ao isolamento social, Macário disse que a pasta pretende divulgar o documento o mais rápido possível. Desde a gestão do ex-ministro Nelson Teich, o relatório, que chegou a ser apresentado de forma geral, é prometido. No entanto, a pactuação entre o ministério e os conselhos de secretários estaduais e municipais ainda não foi feita.  

 São Paulo ultrapassa China
O estado de São Paulo registrou 86.017 casos do novo coronavírus, ontem, o que representa 2.392 a mais do que no dia anterior. Com isso, a região soma mais casos do que a China, que tem 1,3 bilhão de habitantes e foi o foco inicial da pandemia. De acordo com a contagem da universidade John Hopkins, o país asiático contabilizava 84.102 casos até ontem. O número de mortes chegou a 6.423, um aumento de 203 óbitos em 24h. A segunda-feira marcou o fim do feriado prolongado na capital paulista, que durou seis dias. O objetivo do governo era manter o índice de isolamento social acima de 55%, mas essa taxa só foi alcançada no domingo, quando 57% dos paulistanos permaneceram em casa. Hoje, o governador João Doria deve anunciar a prorrogação da quarentena em algumas partes do estado e a flexibilização das medidas de isolamento em outras regiões.