Ao registrar mais 20.803 novos casos de covid-19, o recorde de aumento diário até o momento, o Brasil tornou-se o segundo país com mais casos do novo coronavírus no mundo. O país, que soma 330.890 pessoas infectadas, só fica atrás dos Estados Unidos, que confirmaram 1,59 milhão de casos, de acordo com o levantamento da Universidade Johns Hopkins. A Rússia caiu para terceiro no ranking, com 326,5 mil com o agente infeccioso. As projeções apontam que, até o fim do mês, o Brasil passe de meio milhão de confirmações.
Em coletiva da Organização Mundial de Saúde (OMS), o diretor do programa de emergências, Michael Ryan, afirmou ontem que a América do Sul se tornou o novo epicentro da covid-19 no mundo, tendência puxada pelo Brasil. “Vimos muitos países sul-americanos com aumento do número de casos e, claramente, há preocupação em muitos desses países, mas certamente o mais afetado é o Brasil neste momento”, declarou.
Os números reais de infectados no país podem, inclusive, ser maiores do que os dos EUA. Isso porque a subnotificação brasileira é alta. Enquanto os dados oficiais dão conta de 330 mil casos da doença, pesquisadores Portal Covid-19 Brasil, iniciativa da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Brasília (UnB), calculam que o número varia entre 3,1 e 4,3 milhões. A estimativa chega a ser 13 vezes maior do que o divulgado. O Ministério da Saúde admite a defasagem de testagem e afirma que aumenta a capacidade dos laboratórios para diminuir essa diferença.
“A crescente de casos reflete o aumento da capacidade laboratorial do Brasil, por meio dos trabalhadores públicos com um quantitativo razoável de testes distribuídos. A parceria público-privada está sendo trabalhada para reforçar essa estratégia de testagem. Isso vai dar ao Brasil a capacidade para que consiga analisar um maior número de casos e, com isso, reduzir sua subnotificação para que nós tenhamos uma dimensão epidemiológica mais real”, disse o diretor do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância em Doenças Não Transmissíveis do Ministério, Eduardo Macário, na última coletiva da pasta.
Metodologia
Por meio de cálculo de modelo matemático exponencial para os 10 dias seguintes, o Portal Covid-19 Brasil calcula, ainda, que até 31 de maio haverá 545 mil confirmações de casos no país. Pela mesma metodologia, o grupo concluiu que as mortes devem saltar de 21 mil mortes para mais de 33 mil até a virada do mês.
O novo balanço do Ministério da Saúde também confirmou mais 1.001 óbitos pela doença. Ao todo, 21.048 pessoas morreram em decorrência da covid-19. Na última terça-feira, o Brasil confirmou, pela primeira vez, um acumulado de vítimas fatais em 24 horas que superou a barreira do milhar. Desde então, o país voltou a confirmar mais de mil mortes diárias.
No ranking internacional, o Brasil continua sendo o sexto país com mais óbitos do mundo, ficando atrás, respectivamente, dos EUA, do Reino Unido, da Itália, da França e da Espanha.
São Paulo, epicentro da doença no Brasil, tem 5.773 mortes, um aumento de 215 episódios em 24 horas. Além do estado, outras unidades da Federação preocupam com os altos números de fatalidades.
O Rio de Janeiro, por exemplo, voltou a ser o estado com maior registro diário de óbitos, acrescentando mais 245 fatalidades. Com isso, ultrapassou as atualizações de São Paulo pela terceira vez desde o início da pandemia e, à beira do colapso no sistema público de saúde, acumula 3.657 mortes.
Ceará (2.251), Pernambuco (2.057), Pará (1.937) e Amazonas (1.669) também já registram mais de mil mortes cada. Juntos com São Paulo, esses estados somam 17.344, ou seja, 82,4% de todos os óbitos. Todos os 26 estados do Brasil, mais o Distrito Federal, registraram casos e mortes.
O Ministério da Saúde divulgou ainda o número de pacientes recuperados da covid-19. Foram registrados 135.430 dos 330.890 pacientes diagnosticados com o novo coronavírus –– representam 40,9% das pessoas que tiveram a doença. Já os brasileiros que não resistiram representa 6,4% desse total. Outras 174.412 pessoas continuam em acompanhamento.