Carvalho já havia se posicionado anteriormente contrário à normatização do uso precoce da cloroquina e hidroxicloroquina em tratamento de pacientes com covid-19. Após a confirmação do protocolo, que foi assinado pela substituta da área, Vania Cristina Canuto Santos, o agora ex-secretário antecipou à Folha de S.Paulo que pediria demissão por considerar precipitada a orientação do ministério. “Não participei [da elaboração do protocolo] e nem participaria”, disse ao jornal, considerando que o medicamento pode trazer riscos e investimento desnecessário por parte do Estado.
A pressão por parte do presidente Jair Bolsonaro para ampliar a instrução pelo uso do medicamento também é apontado como estopim para a saída de Nelson Teich da gestão da pasta. “Estou exigindo a questão da cloroquina agora também. Se o Conselho Federal de Medicina decidiu que pode usar cloroquina desde os primeiros sintomas, por que o governo federal via ministro da Saúde vai dizer que é só em caso grave?”, disse Bolsonaro durante uma reunião por meio de videoconferência com empresários, um dia da saída de Teich.
Neste período, o então ministro já havia se manifestado nas redes sociais. “a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o “Termo de Consentimento” antes de iniciar o uso da cloroquina”, escreveu Teich.
Horas depois do discurso de despedida de Teich, o Ministério da Saúde soltou uma nota confirmando que a pasta trabalhava no texto para protocolar o uso de medicamento de maneira precoce para tratar infectados pelo novo coronavírus, não especificando a droga. Esta semana, o documento foi entregue, normatizando a prescrição da cloroquina e hidroxicloroquina, mesmo antes da liberação dos resultados do estudo sobre eficácias e efeitos.