Brasil

Estudante vira alvo de racismo em escola particular do Rio de Janeiro

Ndeye Fatou Ndiaye foi vítima de racismo em grupo de mensagens entre colegas de classe de escola da Zona Sul do Rio de Janeiro

Uma adolescente negra, estudante da escola Franco-Brasileira, localizada no bairro das Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro, virou alvo de racismo entre alguns de seus colegas de classe. Filha de Senegaleses, Ndeye Fatou Ndiaye, de 15 anos, descobriu através de um amigo que outros alunos do colégio onde estuda trocavam mensagens de cunho ofensivo a respeito da cor de sua pele. 

Entre o conteúdo racista, havia mensagens que diziam "para comprar um negro, só com outro negro mesmo"; "Quando mais preto, mais preju"; "Dou dois índios por um africano"; Entre outras frases que ofendiam a estudante diretamente, como "fede a chorume" ou "escravo não pode. Ela não é gente".

"Eu recebi mensagens dos meus professores de História, eles se sentiram fracassados. Só que eles não fracassaram, porque este é um pequeno grupo de alunos. Estamos em 2020, são diálogos que não deveriam estar acontecendo. Foi uma coisa que me deixou bastante indignada e triste pelos meus professores", explicou Fatou em entrevista ao Bom Dia RJ, telejornal da Rede Globo no Rio de Janeiro. 

A família da jovem registrou Boletim de Ocorrência. O pai de Fatou, Mamour Ndiaye, que é doutor e professor de engenharia elétrica no Cefet-RJ, afirmou que as declarações são consequências de um sistema racista construído no Brasil. 

"Tudo é a questão racial. Porque a pessoa que atira o gatilho, que faz tudo isso, na realidade, faz isso por causa do sistema. O problema não é o CPF, mas o próprio sistema. Eu desconheço algum negro brasileiro que não tenha sofrido racismo", disse Mamour.

Fatou reforçou a fala do pai: "o meu colégio é de excelência, um dos melhores do Rio de Janeiro. A gente vê que, mesmo com pessoas que têm todos os acessos à educação, à informação, continua se propagando coisas extremamente racistas. É uma forma de mostrarmos que o racismo está em todos os lugares e a gente vai combater não só judicialmente, mas com conhecimento", destacou.

Em vídeo, o coordenador pedagógico da Escola Franco-Brasileira, se manifestou sobre o assunto a postura do grupo de alunos e disse que providências serão tomadas. 

"O Colégio Franco-Brasileiro repudia qualquer tipo de atitude racista ou discriminatória. Nos 105 anos de história da nossa instituição, preservamos vários valores que são caros para nós. Entre eles, o da igualdade racial. Assim que soubemos do conteúdo de uma conversa de algumas pessoas no âmbito privado que inclui alunos do Franco-Brasileiro, nós imediatamente agimos. Enviamos um ofício para o Conselho Tutelar, que é o órgão competente para fazer a averiguação, e cobrar explicações de cada um dos envolvidos. Queremos expressar a nossa solidariedade às pessoas que foram atingidas", destacou Luciano Moraes.