Brasil

OMS reitera restrições

A decisão do governo brasileiro de divulgar um protocolo prevendo o uso da cloroquina desde os primeiros sintomas da covid-19 chegou ao diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan. Questionado, ele reforçou a soberania das nações para aconselhar os cidadãos sobre qualquer medicamento, mas fez uma ressalva: “A hidroxicloroquina ou a cloroquina, até agora, não se mostraram eficazes contra a covid-19”. O diretor-executivo pontuou que existem riscos no uso do medicamento. 

O uso da substância ainda está sendo estudado pelo mundo, mas as pesquisas realizadas, até o momento, apontam que o remédio não tem eficácia comprovada. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma equipe liderada pela Universidade de Virgínia, realizou uma análise retrospectiva de 368 veteranos hospitalizados com a doença, em 170 hospitais. E o resultado despertou alerta nos profissionais de saúde.

Segundo as informações levantadas pelos pesquisadores em abril, 28% das pessoas que receberam a hidroxicloroquina combinada ao tratamento padrão para a covid-19 não sobreviveram. A taxa de mortalidade entre os pacientes que não receberam o medicamento foi de 11%. Outro grupo de especialistas, também norte-americanos, desaconselhou o uso do medicamento para tratamento do novo coronavírus. Patrocinados por institutos nacionais de saúde, eles ressaltaram que a combinação da hidroxicloroquina e azitromicina pode acarretar risco de problemas cardíacos. 

A Agência Francesa de Segurança Sanitária dos Produtos de Saúde (ANSM) também relacionou o medicamento a problemas cardíacos. “O número de casos de efeitos cardíacos indesejáveis em tratamentos com hidroxicloroquina administrada sozinha ou associada a outros remédios teve um aumento menos importante do que nas semanas anteriores.”  No início do mês passado, um hospital na França teve de interromper o uso da hidroxicloriquina depois de identificar alguns efeitos colaterais.