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Forças armadas: Operação contra covid-19 completa dois meses

Militares já transportaram mais de oito mil toneladas de materiais. Só a Força Aérea Brasileira já realizou mais de 300 voos para levar insumos e equipamentos, em especial às áreas mais carentes e remotas

Correio Braziliense
postado em 20/05/2020 20:24
Militares já transportaram mais de oito mil toneladas de materiais. Só a Força Aérea Brasileira já realizou mais de 300 voos para levar insumos e equipamentos, em especial às áreas mais carentes e remotasCom mais de 34 mil militares envolvidos, a Operação Covid-19, do Ministério da Defesa, completou dois meses nesta semana, com um trabalho de logística intenso. Iniciada no dia 19 de março, a operação envolve as forças armadas (Marinha, Aeronáutica e Exército), e até o momento foram transportadas mais de oito mil toneladas de materiais (equipamentos de saúde e insumos, além de cestas básicas, água e outros objetos) no combate ao coronavírus por vias aéreas e terrestres.

Só a Força Aérea Brasileira (FAB) já realizou mais de 300 voos levando materiais e pessoas, em especial para as regiões mais carentes e remotas. As ações na FAB são feitas pelo Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), sendo a maior parte nas regiões norte e nordeste, devido às dificuldades de acesso por outros meios de transporte aos locais. Em algumas, só é possível chegar de barco ou avião. 

Chefe do estado-maior conjunto do Comae, número 2 do comando, o major-brigadeiro Ricardo Cesar Mangrich explica que normalmente, os voos são demandados justamente a essas regiões mais carentes, onde nem a aviação comercial tem ido. “Em Macapá (AP), por exemplo, quase não tem tido mais voos de companhia aérea. Aí entra a Força Aérea”, disse. 

As missões do Comae envolvem 7 mil militares e mais de 40 aeronaves. Algumas demandas são em lugares tão remotos, que os militares precisam deixar ao avião na pista de pouso mais próxima e seguir viagem de helicóptero. E em outras ainda mais remotas, não é possível sequer pousar o helicóptero: os militares precisam descer de rapel.

No último domingo, por exemplo, foi feito o transporte de duas toneladas de materiais de saúde para São Gabriel da Cachoeira, cidade mais indígena do país, e Tabatinga, ambas no Amazonas. Para ir de Manaus a São Gabriel, são três dias de viagem de barco, mais de mil quilômetros de distância. À cidade, que está em isolamento total ('lockdown'), foram transportados também dez profissionais de saúde que irão atender pacientes por três semanas. 

Para a Operação covid-19, foram ativados dez comandos conjuntos em diversos estados, além do comando permanente da FAB. Não existe prazo para ser finalizada, como pontuou ontem o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva. “Como é uma missão humanitária, não tem (prazo). Vamos continuar enquanto for necessário o apoio das forças armadas”, disse. 

Os comandos fazem solicitações ao Centro de Operações Conjuntas (COC), na pasta da Defesa, em Brasília, que observa as demandas (além de compilar as informações dos centros de comando, a fim de obter uma visão situacional) e as repassa ao Centro de Coordenação de Logística e Mobilização (CCLM). É de lá que se avalia como o pedido será atendido: se o comando do Amazonas (que envolve também Roraima, Rondônia e Acre) precisa de 10 respiradores, por exemplo, o CCLM irá avaliar qual a melhor forma de levar os equipamentos.

Chefe da Seção de Operações Complementares, o capitão Walter Marinho de Carvalho Sobrinho afirma a atuação das forças armadas ocorrem em todo o país, mas reitera que as regiões que mais demandam esforços são as norte e nordeste. “A Amazônia, pela sua imensidão, poucas estradas, requer um apoio maior na parte logística”, disse.


Recursos


O Ministério da Defesa teve um recurso inicial de R$ 220 milhões para as operações de combate à covid-19. De acordo com o ministro Fernando Azevedo, ainda há uma reserva, mas a pasta deve pedir um crédito suplementar. “Se o apoio nosso continuar, e deve continuar, devemos pedir uma suplementação em relação a isso”, explicou o general.

Somados aos milhares de militares empenhados em ações de combate à pandemia, de acordo com as Forças Armadas, são empregadas 1.802 viaturas, 102 embarcações e 61 aeronaves. Os meios de transporte são disponibilizados pela Marinha, Exército e Aeronáutica. 

Entre as ações já desenvolvidas, está a distribuição de 1,5 mil toneladas de alimentos para a população de baixa renda. Mais de 3 mil cestas básicas foram distribuídas em aldeias indígenas de várias etnias nos estados do Pará e do Amazonas Além disso, foram entregues 19.640 Kits de alimentação para as famílias dos alunos do Programa Forças no Esporte (PROFESP).  

Saiba Mais

As equipes de Defesa Biológica, Nuclear, Química e Radiológica (DBNQR) das três Forças têm feito a desinfecção de locais públicos. São hospitais, rodoviárias, estações de metrôs, trens, barcas, entre outros, onde circula grande fluxo de pessoas. Já foram realizadas 1.295 ações desse tipo. E a iniciativa intensifica-se com a multiplicação de conhecimentos. Por todo o Brasil, 4.578 pessoas receberam capacitações em defesa biológica e química.

Os militares ainda estão apoiando as campanhas de vacinação nas regiões Sudeste, Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul do País. Participam, ainda, de campanhas de doação de sangue, que já contaram com a colaboração de mais de 15 mil militares. 

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