Sem eficácia científica comprovada, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) desaconselhou a prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes leves, como decidiu orientar o Ministério da Saúde. De acordo com a entidade, apesar de ser "atraente e desejável" a aplicação de medicamentos em larga escala com o objetivo de beneficiar grande número de pacientes, não há estudos atualmente que permitam inferir essa relação.
“Os estudos clínicos atuais com cloroquina ou hidroxicloroquina, associada ou não à azitromicina, permitem concluir que tais medicamentos, até o presente momento, não mostraram eficácia no tratamento farmacológico de covid-19 e não devem ser recomendados de rotina”, diz informe elaborado nesta quarta-feira (20/5) pela diretoria da SBI.
Pelo contrário. O que se verifica, segundo a entidade, é que há estudos que mostram um potencial de malefícios, "podendo causar alteração cardiológica, verificada no eletrocardiograma que está associada a uma maior chance de arritmias ventriculares, potencialmente fatais".
Em abril, por exemplo, pesquisadores da Fiocruz precisaram interromper um estudo com dosagens mais altas de cloroquina porque se verificou a intensificação dos efeitos colaterais. Nessa análise, 81 pacientes com sintomas de coronavírus foram divididos em dois grupos e tratados com a medicação.
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A recomendação presente no documento, assinado por pesquisadores integrantes do Comitê Científico e Diretoria da SBI, era para que os resultados de estudos randomizados em andamento fossem aguardados para obter uma melhor conclusão quanto à real eficácia da droga para o tratamento da covid-19. Para a sociedade médica, a orientação da SBI é que o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina seja feito no âmbito de pesquisa clínica.