Brasil

MCTIC pede mais voluntários para testar nitazoxanida contra covid-19

Ministro Pontes diz que teste clínico com vermífugo está sendo feito em pacientes assintomáticos e sugere que contaminados se apresentem nos 17 hospitais onde a substância está sendo ministrada

Ao prestar contas sobre as ações do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) no combate à covid-19, nesta terça-feira (19/5), o ministro Marcos Pontes pediu que pessoas contaminadas pelo novo coronavírus, mas assintomáticas ou com sintomas leves, se apresentem nos 17 hospitais onde estão sendo realizados testes clínicos com o vermífugo nitazoxanida. Segundo ele, o teste clínico, na primeira fase, estava sendo realizado em 500 pacientes com sintomas graves ou já hospitalizados. “ No segundo protocolo não precisa ser sintomático”, afirmou.

O ministro ressaltou que a expectativa sobre o medicamento, que não tem efeitos colaterais, é grande. “Estamos na busca de concluir os testes com 500 pacientes. A demora é na entrada dos pacientes”, disse. Como na segunda fase, a pessoa contaminada não precisa apresentar sintomas, o ministro sugeriu que mais voluntários procurem um dos 17 hospitais onde os testes clínicos estão sendo realizados. “Se eu estivesse com covid-19 iria fazer o teste”, disse.

Apesar de ter dito quando apresentou a nitazoxanida como remédio secreto em estudo que em meados de maio já poderia divulgar resultados, o ministro Pontes assinalou hoje que o protocolo não permite informar “resultados parciais”. “Uma comissão externa vai avaliar. O número de pacientes depende de uma estatística e o resultado só será revelado por essa comissão”, reiterou. 

Saiba Mais

Marcos Pontes lembrou que o protocolo em andamento é testar quem tem pneumonia, tosse e febre. “O novo paciente pode ser com sintomas ou leves. Precisamos saber se a droga tem capacidade de inibir a replicação. A ideia é evitar chegar na tempestade inflamatória que o vírus produz”, justificou.

Sem efeito adverso


Para o médico infectologista José David Urbaez, diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, a vantagem da substância é que o perfil de efeito adverso não tem problemas como cloroquina. “O que mais seduz é que é uma droga que se usa sem efeito colateral. Então não estaria colocando ninguém em risco, porque já se usa para infecções gastrointestinais virais”, destacou.

No entanto, o médico faz as mesmas ressalvas que a comunidade científica faz para a cloroquina. “Isso só pode ser feito em ensaios clínicos, com testes em animais e depois em humanos. Pularam algumas fases. Estamos pagando o preço de, quando houve a Sars, em 2003, a indústria farmacêutica largou as pesquisas, porque não tem interesse em saúde pública, só em lucro”, disse. Se os estudos não tivessem sido interrompidos haveria um avanço, como ocorreu com a influenza. “Quando chegou o H1N1, não era totalmente novidade. Agora, estamos partindo do zero com o Sars-Cov-2”, explicou. 

O especialista acrescentou que o protocolo que o MCTIC está adotando na nova fase faz sentido. “Quando a gente não conhece direito, divide os grupos de pacientes. A hipóteses de pegar pacientes com casos leves é para que a intervenção detenha a evolução para o caso grave”, ressaltou. 

Em Brasília, os testes clínicos com a nitazoxanida estão sendo realizados no Hospital das Forças Armadas (HFA) e no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Confira a lista com o outros 15 hospitais:

Rio de Janeiro

  • Hospital Central da Aeronáutica 

  • Hospital da Força Aérea do Galeão 

  • Hospital Naval Marcilio Dias

  • Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE)

Estado de São Paulo

  • São Paulo: Hospital da Força Aérea de São Paulo – HFASP
  • Mogi das Cruzes: Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo
  • São Caetano do Sul: Complexo Hospitalar Municipal de São Caetano do Sul
  • Barueri: Hospital Municipal de Barueri
  • Sorocaba: Hospital Regional de Sorocaba Dr Adib D Jatene- Bata Branca
  • São Miguel: Hospital Geral de São Mateus (Aguardando aprovação da CONEP)

Belo Horizonte

  • Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte
  • Hospital Mater Dei S.A. (Aguardando aprovação da CONEP)

Recife

  • Hospital das Clínicas da UFPE

Manaus

  • Complexo Hospitalar Nilton Lins 

Curitiba

  • Complexo do Trabalhador de Curitiba