Brasil

Um brasileiro pode ser salvo a cada 4 minutos com isolamento, estima estudo

Simulação matemática mostra que, se o isolamento social for mantido, será possível salvar uma vida a cada quatro minutos no Brasil nas próximas semanas

Cada quatro minutos de isolamento social pode salvar a vida de um brasileiro nas próximas semanas. Foi o que concluiu o cálculo feito por pesquisadores do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI). Cientistas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) defendem que as medidas de restrição da circulação de pessoas são, por enquanto, a melhor alternativa para conter a propagação do vírus da covid-19. Em dois meses, mais de 16 mil pessoas morreram vítimas da doença no Brasil.

Segundo os pesquisadores que encabeçaram o levantamento, Paulo José da Silva e Claudia Sagastizábal, o estudo foi construído baseado no modelo epidêmico Seir, que representa a taxa de replicação do vírus Sars-Cov-2, tentando descobrir se ela varia no tempo. A ideia era identificar tendências na evolução da taxa de propagação do vírus e se a contaminação avançava ou recuava após o início dos protocolos de distanciamento social, que foram implementados a partir de 24 de março.

O estudo considerou vidas que seriam salvas com o isolamento social nos próximos 14 dias, a partir de 4 de maio, e concluiu que, “até o dia 19 de maio, seriam salvas 5.513 vidas, o que dá aproximadamente uma vida a cada quatro minutos”, explicou Paulo José da Silva. Já em âmbito regional, segundo a última atualização, o tempo em minutos necessário para salvar uma vida era de 2.2 (Norte), 2.9 (Nordeste), 310.2 (Centro-Oeste), 1.5 (Sudeste), 89.6 (Sul).

Os pesquisadores alertam que o número estimado de vidas salvas considera os dados oficiais disponibilizados pelo Ministério da Saúde. “Esses dados sofrem de clara subnotificação e, assim, as nossas estimativas também seguirão subestimadas. Porém, acreditamos que mesmo assim é possível ter uma ideia da evolução da epidemia”, diz o estudo. A página é atualizada diariamente com as projeções e está aberta às consultas.


Queda do isolamento social 

O estudo identificou ainda que distanciamento social parece ter sido efetivo quando os dados de todo o Brasil são considerados. No entanto, foi possível observar que a medida perdeu força, sobretudo no Sudeste e no Centro-Oeste. O Norte e o Nordeste, que já possuem regiões onde o sistema de UTIs está acima da capacidade, parecem ter entendido a dimensão do problema e passaram a adotar um distanciamento mais efetivo.

Saiba Mais

Todos os estados e o Distrito Federal registraram aumento de pessoas nas ruas nos últimos dias, na comparação com as semanas anteriores. Os dados são de um levantamento feito pela In Loco, empresa de tecnologia que usa dados enviados por aplicativos parceiros para aferir deslocamentos dos usuários.

De acordo com o mapa, o pico do isolamento social aconteceu em 22 de março, mas o número de pessoas confinadas está caindo constantemente nas últimas semanas. No domingo, (17/5), o índice nacional estava em 52%. No Distrito Federal, apenas 51% das pessoas cumprem o isolamento social. 

Mortes por coronavírus no Brasil 

O balanço mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde, no domingo (17/5), apontou 16.118 mortes por covid-19 no Brasil. Foram mais 485 novos registros de óbitos em 24 horas. Ao todo, são 241.080 casos confirmados do novo coronavírus. A primeira morte pela doença no país foi registrada há dois meses. 

De acordo com o ministério, há 130.840 pacientes em acompanhamento (54,3% do total)%uFE0F e 94.122 recuperados (39,0%). Os estados em situação mais delicada são São Paulo (4.786 mortes), Rio de Janeiro (2.715), Ceará (1.641) e Pernambuco (1.516). O Distrito Federal tem 4.368 casos de infecção pela doença e 58 mortes, de acordo com a Secretaria de Saúde do DF. 
CeMEAI/Reprodução -
CeMEAI/Reprodução -