O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, alertou hoje (17) que o sistema de atendimento na cidade deve estar "profundamente comprometido" nos próximos 15 dias, caso a população não colabore para a elevação da taxa de isolamento social. Na sexta-feira (15), o índice registrado foi de 48%, sendo que o ideal é 70%.
Do boletim epidemiológico deste sábado (16) constam 38.479 casos confirmados da covid-19 e 135.348 casos suspeitos. Ao todo, 2.813 pacientes contaminados pelo novo coronavírus (covid-19) morreram na capital paulista, em decorrência de complicações do quadro infeccioso.
"Mesmo com todo o esforço feito até agora, na ampliação de leitos e de [disponibilização] dos novos leitos que já estão sendo contratados, isso tudo será insuficiente para o grau de evolução que estamos tendo nesse momento aqui na cidade", disse o secretário.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, destacou que a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) já é de 90%, enquanto em enfermarias é de 76%. "Todos os dias estamos abrindo novos leitos, porque nove em cada dez pacientes atendidos recebem alta, mas a taxa de contaminação na cidade segue em alta. Infelizmente, inverteu-se uma tendência de queda que vinha até o início de maio, que precisamos diminuir. Estamos nos aproximando dos momentos mais difíceis", disse.
Bruno Covas anunciou que deve antecipar os feriados municipais de Corpus Christi e o Dia da Consciência Negra, celebrados, respectivamente, em 11 de junho e 20 de novembro. Para que as mudanças no calendário entrem em vigor, deverão ser aprovadas pela Câmara Municipal de São Paulo, que, segundo o prefeito, já concordou em agilizar, por meio de tramitação em regime de urgência. Ele acrescentou que irá solicitar ao governador de São Paulo, João Doria, para que também antecipe o feriado do Dia da Revolução Constitucionalista, comemorado em 9 de julho.
"Aproveitaremos o fato de que a maioria das pessoas não trabalha em feriados, para garantir uma adesão ainda maior ao isolamento social. Teremos, assim, uma pausa forçada para diminuir a circulação de pessoas e ampliar o isolamento social. A cidade está chegando ao seu limite de opções", ponderou, enfatizando que a decisão pelo lockdown (forma mais rígida de quarentena) depende do governo estadual.
Perguntado sobre o rodízio de veículos na capital, adotado no dia 11, sob o argumento de que desestimularia os habitantes a sair de casa, e que foi alvo de críticas, Covas disse que a medida era dura, mas deu resultado.
"Estávamos preparados para isso. Colocamos 1,6 mil ônibus a mais para a população. Retiramos, em média, quando comparamos essa semana do rodízio com a anterior, 1,27 milhão de veículos por dia [das ruas]. Mesmo diante de tanta incompreensão, diminuímos em 5,5% o número de passageiros na cidade, nesta sexta-feira, comparado com a sexta-feira, dia 8. Foram menos 64.266 passageiros circulando em nossos ônibus", disse Covas, que negou serem verdadeiras as imagens que circularam em redes sociais induzindo que o rodízio acabou gerando lotação em veículos do transporte público.
Orçamento
Segundo Covas, o orçamento da pasta da Saúde teve um incremento de R$ 1,2 bilhão, em razão da pandemia. Para responder ao aumento na demanda por atendimento, foram disponibilizados 840 novos leitos de UTI, sendo que, antes da crise sanitária, a rede contava com 507 leitos.
O município ainda criou sete novos hospitais, dos quais três, o de Brasilândia, o de Parelheiros e outro na Bela Vista, irão permanecer funcionando mesmo após o fim da pandemia. Para atender especificamente aos infectados pela covid-19, a prefeitura também estruturou dois hospitais de campanha, um no Complexo do Anhembi e outro no Estádio do Pacaembu, e reabriu unidades em Indianópolis e no Capão Redondo, viabilizados mediante parceria com a Cruz Vermelha Brasileira e a Universidade de Santo Amaro (Unisa). Além da construção dos hospitais, a rede foi aprimorada com a ampliação de leitos no Hospital Municipal de M'Boi Mirim - Dr. Moysés Deutsch, na zona sul da cidade.