Momento de ética e união
Estamos em um momento no qual não é recomendável o contato social com as pessoas. Não podemos abraçar, beijar, dar as mãos. No entanto, mais do nunca é preciso ser solidário e entender a importância da união para passarmos da melhor maneira possível por este período de confinamento social que visa o controle da pandemia do novo coronavírus. As pessoas e as empresas precisam ter esta atitude. Não é o momento de cobrar multas para aqueles que não podem viajar, de aumentar preços sem justificativa, para se aproveitarem da alta demanda ou de ter qualquer outra atitude que fuja da ética, da solidariedade e de gestos de humanidade. Em verdade, individualmente e corporativamente, precisamos assumir nossas responsabilidades em prol do coletivo e, especialmente, dos mais vulneráveis.
Vamos ampliar as iniciativas positivas da indústria, comércio e serviços que estão mantendo o emprego de seus funcionários, apoiando o esforço de governos, auxiliando em projetos sociais — como as doações de empresas privadas na ampliação de leitos de hospital em São Paulo ou companhias que produziram e doaram álcool em gel e insumos aos hospitais e instituições de saúde. Sem esquecer das inúmeras iniciativas de grupos de voluntários arrecadando e distribuindo alimentos para a população mais carente. Ações solidárias nos fazem “mais” humanos e devem contagiar todos. Esses exemplos, no momento de um esforço de guerra, devem nos nortear no futuro fortalecendo a convivência.
Mas, tudo isso vai passar e a pergunta que fica é: como reagiremos depois? O que restará? Como conseguiremos retomar a economia? São muitas incertezas que nos afligem nesse momento.
Decisões difíceis estão sendo tomadas, muitas impopulares. Oxalá essa postura corajosa nos estimule e, ultrapassada essa tragédia, desperte em nossos governantes o efetivo compromisso de realizar as reformas estruturais, para que o Brasil enfrente e supere seus históricos desafios. Temos que deixar de pensar na próxima eleição, mas, sim, no destino da nossa sociedade. Este é o caminho que devemos seguir. O momento pede calma, sim, mas urgência nos quesitos humanitários, na convergência de propósitos e muito discernimento para fazer com que o país reaja o mais rápido possível e possa seguir com as necessárias mudanças.
*Advogado, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial – ETCO, foi Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo (2000/2002)