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Inep: ainda é cedo para adiar Enem



O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, afirmou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ser adiado, mas que é cedo para ter essa discussão. Ele garantiu, também, que a prova será aplicada. “Essa discussão (sobre o adiamento) é prematura. Precisamos saber, primeiro, quando e em que condições vamos retornar às aulas”, explica o presidente. “Se formos mudar a data, essa tem que ser uma discussão um pouco mais serena e uma discussão para o futuro. De todos os pedidos que eu recebi (para adiar o Exame), nenhum propôs um novo dia”, afirmou durante live promovida por uma startup na área da educação.

Lopes explicou que, para a aplicação do exame em novembro, é necessário publicar edital que regulamente todos os processos administrativos. “Não se faz Enem de um dia para o outro. Só para imprimir as provas, são 45 dias. A partir do momento em que a gente estiver com tudo pronto para a aplicação da prova, podemos discutir a data”, afirmou. “O que nós garantimos é que vai ter Enem.”

Na avaliação de Maria Helena Guimarães, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave) e ex-secretária de Educação do estado de São Paulo, o Inep falha no momento em que não reconhece as dificuldades dos estudantes na preparação para o Enem. “Todo mundo está sofrendo. Alguns (estudantes) estão passando por situações familiares muito difíceis, uns por questão de saúde, outros por renda ou porque não conseguem ter acesso a materiais de estudo. Isso cria uma angústia que dificulta muito a vida desses alunos”, disse Maria Helena, que também participou da live.

Na manhã de ontem, ato organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), em parceria com o Diretório Central dos Estudantes Hoje (DCE) da Universidade de Brasília (UnB), em frente à sede do Ministério da Educação (MEC), pediu o adiamento do Enem. Os manifestantes também exigiram a saída do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Os estudantes alegam que as adversidades provocadas em função da pandemia do novo coronavírus aumentam a desigualdade já existente e impedem que os alunos tenham condições para continuar se preparando para a prova. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, revela que 21% dos domicílios brasileiros não têm acesso a internet em casa. E 42% dos candidatos não têm computador.

Além disso, o acesso a outros materiais como livros físicos também fica restrito. Uma vez que os livros didáticos que estudantes usam são os fornecidos pela escola. A UNE aponta também para os locais de estudos, que muitas vezes não proporcionam o espaço adequado para os jovens se concentrarem.

As inscrições para o Enem foram abertas na segunda-feira (11/5) e seguem até 22 de maio. Já são 2,4 milhões de estudantes cadastrados para participar do exame. 

*Estagiária sob supervisão de Ana Sá

“Se formos mudar a data, tem que ser uma discussão um pouco mais serena” 

Alexandre Lopes, presidente do Inep Estudantes protestam em frente ao MEC, no movimento #AdiaEnem