"É com assustadora velocidade que o vírus chega nos territórios indígenas de todo o país", afirmou a APIB em um comunicado.
A APIB destaca que a maioria dos casos foi registrada na Amazônia brasileira, onde há dezenas de povos indígenas, muitos deles isolados ou não contactados.
Na última quinta-feira, indígenas do Parque das Tribos, uma comunidade indígena nos arredores de Manaus, deram adeus ao seu maior líder, o cacique Messias Kokama, morto aos 53 anos por causa da COVID-19. O velório foi realizado com o caixão fechado e envolto em plástico.
A associação ressalta que também há registros de pacientes confirmados no sul do país, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Uma contagem do Instituto Socioambiental (ISA) relata que apenas em áreas não urbanas há 301 casos de indígenas contaminados por esse vírus, e 19 mortes.
O Brasil, com 202.000 diagnósticos, é o sexto país com mais casos da COVID-19 no mundo, e se considera que este número possa ser até 15 vezes maior, devido à falta de testes em massa. No país, o balanço já é de quase 14.000 mortos.
Em meio ao avanço da pandemia, nesta sexta, o ministro da Saúde, Nelson Teich, renunciou após menos de um mês no cargo. Ele alegou "incompatibilidades" com o presidente de Jair Bolsonaro, que se opõe às medidas de isolamento social para combater a pandemia.
O avanço do novo coronavírus no Brasil também favoreceu o aumento da invasão de garimpeiros e madeireiros ilegais em terras onde vivem esses povos indígenas isolados, como denunciou a ONG Survival International em nota divulgada hoje.
"Aproveitando a pandemia, garimpeiros e madeireiros invadem terras de povos indígenas isolados", alertou a organização.
A Survival International denunciou invasões em quatro locais de quatro estados da Amazônia brasileira. A invasão teria chegado ao Vale do Javari, no estado da Amazônia, perto da fronteira com o Peru e com a maior concentração de povos indígenas isolados.
"O presidente Bolsonaro, com seu discurso racista e ações anti-indígenas para tentar roubar as terras indígenas, está incentivando uma onda de invasões", defende a Survival.