Brasil

À TV norte-americana, Mandetta critica discurso de Bolsonaro frente à crise

"Até mesmo Trump voltou atrás e nosso presidente continua com o mesmo discurso", afirmou em entrevista à CNN

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta atribuiu ao presidente Jair Bolsonaro a dificuldade em alertar a população brasileira sobre a gravidade do novo coronavírus. Em entrevista concedida à CNN norte-americana, nesta quarta-feira (13/05), o médico e político criticou a postura do chefe do Executivo em se referir a epidemia como “gripizinha”, não reconhecendo a gravidade da doença que já matou mais de 12,4 mil brasileiros. 

Questionado sobre a forma com que o Brasil reage perante à crise instalada pela pandemia, Mandetta disse que, diferente de Trump, Bolsonaro não teve uma mudança de postura. “Até mesmo o presidente Trump voltou atrás quando ele tomou conta de como a epidemia poderia ser danosa para os EUA ao ver o sistema de saúde de Nova Iorque, Chicago, Califórnia, Flórida, entraram em colapso. Nosso presidente continua com o mesmo discurso.”

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Entre os exemplos que atrapalham a comunicação com a sociedade, Mandetta citou a defesa a medicamentos, mesmo sem provas científicas da eficácia. “Ele continua dizendo que temos a droga, a cloroquina, que salva e que é barata. Continua dizendo que a economia precisa voltar e que a perda de trabalho vai ser pior que a perda pela epidemia. E que as pessoas deviam estar preocupadas com a economia porque ficar em casa vai trazer mais dano para a saude das pessoas. Então é muito difícil convencer as pessoas a não se exporem à doença”, detalhou. 

A entrevista, que foi ao ar antes do Supremo Tribunal Federal (STF) liberar os exames sobre o diagnóstico de Bolsonaro para o novo coronavírus, que deram negativo, Mandetta chegou a responder que não sabia dos resultados, mas confirmou que o presidente esteve na viagem e no mesmo avião que a comitiva que foi aos EUA e voltou com vários dos membros atestando positivo para a doença. “Logo depois que ele fez uma viagem aos EUA […] voltou no avião com a doença. Das pessoas que viajaram com ele, 17 testaram positivo até 15 dias depois que ele chegou. Essa viagem foi uma viagem do coronavírus", afirmou.