O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a pedir, ontem, que os servidores públicos aceitem o congelamento dos seus salários pelos próximos dois anos. Segundo o ministro, a suspensão dos reajustes do funcionalismo é necessária para que o Brasil controle os gastos públicos sem precisar aumentar impostos. Em live promovida pelo Itaú BBA, Guedes também tentou justificar o fato de o presidente Jair Bolsonaro parecer estar mais preocupado com a economia do que com a saúde pública durante a pandemia do novo coronavírus. Ele disse que o governo tem feito os esforços sanitários necessários ao combate à covid-19, mas também precisa se preocupar com a economia.
Guedes lembrou que, se as despesas extraordinárias que estão sendo feitas neste ano em virtude da covid-19 se tornarem algo permanente, o Brasil terá que encontrar uma forma de pagar essa nova despesa, o que poderia ensejar a criação de impostos. Mas garantiu que o governo não quer aumentar tributos. “A saída pelo investimento público e pelo aumento de imposto não será conosco. Estamos em uma democracia, o Congresso pode propor. É normal também que, quando eles aprovem alguma coisa, a gente possa vetar, como esse aumento dos salários por dois anos, que seria um equívoco total”, disse.
O ministro ressaltou que desviar recurso da saúde para o aumento do funcionalismo e da máquina pública seria “a condenação do Brasil à alta de juros novamente, ao aumento de impostos, ao baixo crescimento”.
Segundo Guedes, os investidores precisam confiar no ajuste da economia brasileira. “Se nós conseguirmos isso, o primeiro elemento da retomada são os juros, que já desceram e vão estimular o consumo e o investimento”, afirmou. Só assim haverá aquecimento da demanda no pós-coronavírus e, desta forma, uma recuperação rápida, em V, acrescentou.