Brasil

Mortes em casa crescem 152% no AM




Os reflexos da escalada da pandemia do novo coronavírus no Brasil não se limitam à falta de leitos de UTIs nos hospitais. Segundo as informações divulgadas no Portal de Transparência do Registro Civil, o número de pessoas que morreram em casa no país aumentou em mais de 3,7 mil casos, um crescimento médio de 15%. Primeiro estado a colapsar o sistema de saúde, o Amazonas é a unidade federativa que registrou o maior aumento do número de mortes em casa. O salto foi de 152% em relação ao mesmo período de 2019. Na sequência, vem o Rio de Janeiro, com crescimento de 43%; e Distrito Federal, 31,1%. A análise refere-se ao período de 26 de fevereiro, data em que o primeiro caso de infecção por coronavírus foi registrado, até 26 de abril.

“Com a experiência que temos observando outros países, principalmente os europeus, como Itália, Espanha e Reino Unido, vem se verificando um crescimento substancial nos óbitos ocorridos em âmbito não hospitalar”, destaca Gustavo Renato Fiscarelli, vice-presidente da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais de São Paulo (Arpen).

Nas mortes domiciliares, a doença provocada pelo novo coronavírus matou 221 pessoas nos dois primeiros meses da pandemia. Em compensação, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) provocou uma quantidade 11 vezes maior de óbitos neste ano se comparada à de 2019: de 10 para 110. Já as mortes por causa indeterminada quase dobraram, passando de 391 para 604, o que pode apontar para uma subnotificação da doença, provocada por todas as dificuldades de atendimento nas unidades de saúde e da testagem insuficiente da população.

O aumento do número de pessoas que falecem em casa de um ano para outro se deve, entre outros fatores, às doenças respiratórias, mas não só à covid-19. Neste ano, elas foram responsáveis por 396 óbitos a mais do que em 2019, quando causaram 4.074 óbitos em domicílio. Ricardo Kreitchmann Filho, pneumologista pediátrico, explica que uma das características da covid-19 é a rápida evolução do quadro. “Muitas vezes, o paciente já está com a oxigenação do sangue diminuindo e a falta de ar ainda não apareceu, (o paciente) só está com a febre e a tosse. Em uma unidade de saúde, essa saturação é verificada e conseguimos ter uma noção se  pode evoluir para um quadro grave”.

O especialista explica que o ideal seria analisar cada caso individualmente, mas destaca que entre os fatores que contribuem para o aumento de mortes em domicílio estão os casos de pacientes que procuram por atendimento no início dos sintomas, são liberadas para voltar à casa, mas o quadro evolui rapidamente.
“Tem casos de pessoas falecendo por outros motivos. Brasília ainda tem leitos disponíveis, mas tem hospitais em que os atendimentos estão saturados”, pontua Kreitchmann.


Indíos venezuelanos infectados com covid
Quarenta indígenas venezuelanos refugiados foram confirmados com diagnóstico de covid-19, em João Pessoa. Os indígenas são da etnia warao e fizeram os testes na segunda-feira, mas a situação só foi divulgada ontem pela rede de proteção social do Ministério Público da Paraíba, que atua no combate à pandemia do coronavírus. Os testes foram realizados no grupo depois que uma indígena grávida, de 31 anos, foi internada e intubada em uma maternidade de João Pessoa. Ela testou positivo para a covid-19. A mulher estava alojada no mesmo local que os demais. A Secretaria de Saúde esteve no local e testou 48 pessoas, das quais 40 deram positivo.