Brasil

Jovens são os mais infectados por Covid



Apesar de a maioria das vítimas da Covid-19 ser idosa, a realidade é outra quando se fala da quantidade de pessoas infectadas no país. Das 96 mil notificações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), 58% têm menos de 60 anos. Considerando apenas os casos de SRAG com confirmação de coronavírus, 54% são jovens. Em compensação, 69% das mortes são de idosos, segundo dados do Ministério da Saúde.  

“Inicialmente, parecia que a Covid-19 era uma ameaça apenas aos idosos e aqueles com outros problemas de saúde. À medida que a quantidade de testes foi sendo disponibilizada e o conhecimento da doença vem se ampliando, vimos que jovens e pessoas com menos de 60 anos também podem ser afetados”, relata o Secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, ao ser questionado pelo Correio.

Segundo Wanderson, citando relatório de 16 de março do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, das 508 pessoas hospitalizadas no país à época, 38% tinham entre 20 e 54 anos. O secretário também lembrou dos relatos de autoridades da França e da Holanda, onde metade dos casos graves acometeriam pessoas com menos de 50 anos.

Levantamento de casos estimados pelo portal Covid-19 Brasil mostra que a doença no Brasil está concentrada na faixa etária que vai de 20 a 49 anos.

Especialistas explicam que a tendência vista na pesquisa não pode ser relacionada como um fator biológico, mas, sim, socioeconômico. “Desde o início da pandemia, os jovens têm mais dificuldade de se manter no isolamento social. Normalmente, saem para trabalhar nas áreas que mantiveram o funcionamento. Por não ser do grupo de risco, eles sempre tiveram que sair para trabalhar e acabavam sendo mais expostos”, explicou a médica infectologista Heloísa Ravagnani, presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal.

Virologista do Laboratório Exame que integra a Dasa, José Eduardo Levi reforça que o dado não mostra um fator biológico do vírus. “Esta população mais infectada é uma população mais ativa economicamente, que circula mais e que se expõe mais”, afirma.

Levi reforça que o diagnóstico está sendo feito em pessoas com sintomas das doenças, destacando a ausência dos assintomáticos na análise. “O dado de incidência do vírus é enviesado e reflete quem você está testando. Quando fizermos sorologia, teremos mais informações”, explica. (MEC e MN)