O Dia do Trabalhador foi marcado por protesto na Praça dos Três Poderes. Enfermeiros e técnicos da área fizeram um ato simbólico em homenagem às vítimas da Covid-19 no Brasil. Com uma cruz na mão eles chamaram a atenção para as 6.329 mortes no país. A manifestação silenciosa ocorreu ontem, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Todos os profissionais utilizaram máscaras de proteção facial e mantiveram o distanciamento mínimo de dois metros e a mobilização durou cerca de duas horas.
Durante o ato, entretanto, os profissionais da saúde foram hostilizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Um homem chegou a partir para cima dos enfermeiros e precisou ser contido por outros manifestantes vestidos de verde e amarelo e portando bandeiras do Brasil. A Polícia Militar foi acionada e interveio.
Em nota, o Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal repudiou as agressões físicas e verbais sofridas pelos enfermeiros. “As atitudes tomadas pelos apoiadores do governo vão ao encontro de ideologias fascistas e antidemocráticas. Infelizmente, são embasadas pelas atitudes do presidente da República que, por diversas vezes, debocha das consequências da pandemia, desconsidera todas as recomendações e diretrizes sobre a importância do isolamento social ao combate do novo coronavírus”, afirma o comunicado, ressaltando a importância de a população seguir as recomendações da comunidade científica mundial de isolamento social.
De acordo com a categoria, o protesto tinha três objetivos centrais: defender o isolamento social com base científica, homenagear os trabalhadores da enfermagem de todo o Brasil que morreram lutando contra a Covid-19 e mostrar a importância da categoria.
Pedido
Para a enfermeira Marcela Vilarim, o ato foi também um pedido de socorro para a categoria e um apelo à população. “Nós estamos morrendo nessa luta contra a Covid-19. Estamos adoecendo, deixando de ser força de trabalho para virarmos pacientes, usuários do sistema de saúde. A gente precisa, mais do que palmas, de valorização e respeito. E o respeito passa pela manutenção do isolamento social”, afirma. De acordo com ela, não adianta ter profissionais da saúde nos hospitais e nas Upas atendendo aos pacientes vítimas de Covid-19, enquanto a população não entender que é necessário o isolamento social. “A gente não pode deixar os casos estourarem. A gente precisa conter a velocidade da epidemia. Isso é muito importante”, ressalta.
Sobre os ataque sofridos pelos profissionais durante o ato simbólico, Vilarim também se posiciona: “A nossa ideia não é confrontar ninguém, só que a gente não gostaria de ter sido confrontado da forma que fomos. Não tem problema sermos criticados, o problema é ter a agressão física, a agressão verbal de quem não está entendendo o que realmente a gente está fazendo aqui”, pontua.
O sindicato destacou que se orgulha dos enfermeiros e técnicos que resistiram às provocações do grupo bolsonarista. “A enfermagem é feita de luta. O SindEnfermeiro reitera seu compromisso pela defesa das enfermeiras e enfermeiros, do Sistema Único de Saúde (SUS) público e universal e da democracia acima de tudo e de todos.”