A subnotificação dificulta elaboração de políticas públicas para conter o vírus e deixa a probabilidade de uma flexibilização do isolamento cada vez mais incerta. Segundo a iniciativa de pesquisa Covid-19 Brasil, os infectados no país ultrapassariam 1,2 milhão, bem acima dos 85.380 reportados pelo Ministério da Saúde.
De acordo com a iniciativa, que reúne pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Brasília (UnB), o número de casos pode ser quase 20 vezes maior do que o revelado pelos dados oficiais, variando entre 957 mil e 1,49 milhão, ao incluir os assintomáticos e pacientes com quadro mais leve.
Para se chegar a esses números, os estudiosos utilizaram uma fórmula matemática que faz um ajustamento da curva de casos com base no registro de óbitos, considerando que este é mais consolidado no país. O parâmetro para o levantamento seriam as informações referentes à Coreia do Sul e uma taxa de letalidade esperada de 1,11%. A partir daí, os dados são calculados em cima das mais de 5 mil mortes.
“As taxas de letalidade (no Brasil e no mundo) têm variado. Especialmente, pela incerteza sobre a quantidade total de pessoas infectadas, o que se dá especialmente pela falta de disponibilidade de testes de confirmação da infecção pela Covid-19. Produzindo, assim, discrepâncias importantes no cenário internacional”, diz o relatório.