Sem direito a chuva de arroz, abraços e cumprimentos de familiares e amigos, o casamento por videoconferência - primeiro desse formato realizado em Minas Gerais - foi celebrado no Cartório de Registro Civil e Notas do Barreiro, em Belo Horizonte.
Por determinação da Corregedoria-Geral de Justiça de Minas Gerais, assim serão realizadas todas as uniões civis do estado durante a pandemia de coronavírus, já que as aglomerações das cerimônias presenciais são favoráveis à propagação da Covid-19.
"Nossa conexão é muito forte", define a noiva, que já mora com o marido no Bairro Milionários, na Região do Barreiro. Refere-se não só à conexão afetiva, como também à conexão digital, presente na vida do casal desde o início do namoro. Heloísa conta que o relacionamento com Welton teve início pelas redes sociais, há um ano. "Ele me adicionou no Instagram, passamos a trocar mensagens e, desde então, não nos desgrudamos mais", relembra.
A virtualidade foi o único elemento não convencional a cerimônia. Do outro lado das câmeras, os nubentes se mantiveram fiéis ao script tradicional. Heloísa apareceu maquiada, bem penteada e de vestido branco, carregando um bouquet. O noivo, de camisa bem passada, abotoada até o pescoço. Os cabelos bem-acomodados com gel também denunciavam o capricho dispensado à aparência. O "sim" foi dito de uma unidade da Igreja Batista, denominação evangélica que os dois frequentam, ao lado de duas testemunhas, como exigem as leis do Código Civil Brasileiro.
“É de livre e espontânea vontade que você aceita Heloísa como sua como sua companheira em matrimônio?”, questiona o juiz de paz. “É sim!, respondeu Welson, transparecendo convicção e alegria, mesmo tom com que a cabeleireira respondeu a pergunta.
A troca de alianças, seguida de um beijo, arrancou sorrisos da imprensa, única plateia presente no salão do cartório. “Ah, que lindos! Sejam muitos felizes”, desejou uma repórter de TV que cobria o evento.
Burocracia digital
A oficial de registro do cartório do Barreiro, Letícia Franco Maculan Assumpção, explica que o matrimônio a distância não exigiu muitas adaptações. "O casamento tradicional é feito presencialmente, com os nubentes e duas testemunhas. O casal pode trazer quantas pessoas quiser para poder assistir (a cerimônia). Tendo em vista a necessidade de isolamento social, a Corregedoria de Justiça publicou uma portaria em 22 de abril, autorizando realização do ritual por videoconferência, detalha
Estreante na função de "celebrante virtual', Leonardo Lima diz que, durante o ritual, tentou compensar o clima pouco caloroso do salão vazio, sem a usual algazarra dos convidados. "Busquei imprimir o máximo de emoção que as condições tecnológicas nos permitem", comenta.
Saiba Mais
Para esta quinta-feira, há mais quatro celebrações virtuais marcadas no cartório do Barreiro, além de Heloísa e Welton. A tabeliã aposta nessa variante como uma tendência que veio para ficar. "Todo mundo agora faz compras pela internet, negócios... por que não celebrar casamentos pela internet? Eles oferecem a mesma segurança jurídica e garantia de que a união vai podo acontecer mesmo que os interessados não possam comparecer ao cartório", avalia.