Brasil

Material genético de Covid-19 circula em esgoto, detectam cientistas

O estudo está sendo realizado em Niterói e deve ajudar na elaboração de medidas sanitárias para conter a pandemia

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) conseguiram detectar a presença do novo coronavírus em cinco pontos distintos de Niterói (RJ). No total, foram recolhidas amostras em 12 poços de visita de esgoto da cidade. O estudo consiste em verificar a presença do material genético do vírus nos esgotos a fim de acompanhar a disseminação ao longo da pandemia. 

A técnica tem sido usada em outros locais do mundo como instrumento de vigilância, permitindo detectar a doença mesmo em locais que ainda não tenham notificações de casos, conseguindo identificar infectados assintomáticos. Para a chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental da Fiocruz e responsável pela pesquisa, Marize Pereira Miagostovich, a abordagem pode auxiliar, inclusive, na questão das subnotificações. 

“A investigação sistemática da presença do material genético do vírus na rede de esgotos sanitários pode fornecer um retrato da presença de casos positivos em determinada localidade, incluindo assintomáticos e subnotificados no sistema de saúde", explica Marize. O monitoramento subsidiará informações para a vigilância em saúde, permitindo otimizar o uso dos recursos disponíveis e fortalecer medidas de higiene. 

Saiba Mais

As primeiras coletas foram realizadas no dia 15 de abril. Estão sendo coletadas amostras de esgoto bruto em 12 pontos distintos e estrategicamente escolhidos em Niterói, incluindo estações de tratamento de esgotos, pontos de descarte de efluente hospitalar e rede coletora de esgotos. Outras duas fases de coletas ainda estão sendo processadas pela Fiocruz. 

Este tipo de vigilância, no entanto, é possível apenas nos municípios em que uma parcela significativa da população é atendida por rede coletora de esgotos e a operadora do serviço tem controle sobre o sistema.