Brasil

Manaus pede ajuda do governo para evitar sepultamentos em sacos plásticos

Setor funerário pediu ao Governo Federal um avião para transportar urnas para vítimas do coronavírus

Correio Braziliense
postado em 28/04/2020 08:20

Caixões em ManausCaso a média de 130 mortes causadas pelo coronavírus por dia seja mantida, Manaus poderá ser obrigada a sepultar as vítimas em sacos plásticos nas próximas semanas. A avaliação é da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif), que solicitou ao governo federal um avião de carga para o transporte de 2 mil urnas para a capital do Amazonas. Segundo a entidade, existem apenas mil urnas no estoque da cidade, uma das mais afetadas pela pandemia.

 

A entidade enviou uma carta à Secretaria de Articulação Social do governo federal, no último fim de semana, alertando para a gravidade do problema. De acordo com o presidente da associação, Lourival Panhozzi, há a necessidade imediata de reforço no estoque. "Se o governo não oferecer um avião para o transporte de urnas, poderemos chegar ao ponto de termos corpos jogados nas esquinas. O transporte rodoviário demora dias e a necessidade é imediata", afirma.

 

O colapso no setor funerário descrito pela entidade está sendo vivido pelo Equador. Após vídeos que mostram cadáveres pelas ruas de Guayaquil, no sudoeste do país, a cidade sofre com a falta de caixões. As vítimas são enterradas em caixas de papelão, desobedecendo normas sanitárias do governo.

 

Valas coletivas

 

A rotina de 120 enterros por dia exige o uso de  no Cemitério Parque Tarumã, na zona norte da capital do Amazonas A prefeitura alega que a metodologia de "abertura de trincheira" é internacional. Diferentemente do que se convencionou chamar de vala comum, uma área de enterros sem identificações, essa medida "preserva a identidade dos corpos e os laços familiares, com o distanciamento entre caixões e identificação de sepultura". O Amazonas já registrou 304 mortes por Covid-19.

 

Quando todos os cuidados necessários são tomados e o manuseio correto é praticado, não há razão para temer a disseminação da Covid-19 por cadáveres, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). "Só podem ser (infecciosos) os pulmões dos pacientes com gripe pandêmica se forem manipulados de forma incorreta durante uma necropsia", acrescenta a entidade, em nota.

Isso não significa que o vírus morra com a vítima. No caso de doenças respiratórias agudas, os pulmões e outros órgãos "podem continuar a abrigar vírus vivos". Mas eles só são liberados, em geral, nas necropsias.

 

A associação das empresas funerárias questiona ainda a falta de protocolo nacional durante as principais fases da atividade funerária, como a remoção dos falecidos, preparação dos corpos, velório, sepultamento e cremação. "Somos os responsáveis pela remoção e preparação dos corpos das vítimas do coronavírus e, assim como os profissionais da saúde, necessitamos de equipamentos de proteção e um protocolo unificado", argumenta Panhozzi.

 

Equipamentos

Além das dificuldades para o sepultamento dos corpos de vítimas do coronavírus, o estado enfrenta ainda escassez de itens de proteção. Nessa segunda-feira (27/4), profissionais do Hospital 28 de Agosto, em Manaus, fizeram um protesto contra a falta de equipamentos. O governo do Amazonas vem informando que investe na distribuição de insumos.

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