O número de hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) está 416% maior em 2020 se comparado com o mesmo período do ano passado. Sem previsão para que a curva de casos comece a descer e com dificuldade para importar respiradores da China, o Brasil aposta na produção nacional para suprir a demanda. Em 24 horas, foram acrescidas 338 mortes e 4.613 casos de Covid-19. O incremento no número de óbitos foi de 8%, chegando a 4.543 fatalidades confirmadas até ontem. No total, o país tem 66.501 casos da doença.
Os dados do InfoGripe apontam que até a semana epidemiológica 17, o Brasil tinha registrado 70.060 hospitalizações por SRAG. Em 2019, no mesmo período, foram 13.575. “Embora já viéssemos observando um crescimento ao longo do tempo, essa mudança muito grande nas duas últimas semanas é um forte indício de que a alta está, sim, associada ao novo coronavírus”, afirmou o coordenador do InfoGripe, Marcelo da Costa Gomes.
Em meio ao avanço da Covid-19 no Brasil, o Ministério da Saúde continua lidando com contratos frustrados de aquisição de respiradores da China. A pasta cancelou a compra de 15 mil equipamentos, mas garante que conseguirá cobrir esse déeficit a partir de produção nacional ao longo de três meses.
“Um fator importante na distribuição dos equipamentos será a qualificação dos profissionais de saúde. Nós já temos aparelhos distribuídos pelo Brasil e profissionais responsáveis por esses serviços. Quando colocamos mais respiradores no sistema, também teremos que olhar quem vai trabalhar com eles e qual a capacidade de execução de cada localidade”, afirma o ministro da Saúde, Nelson Teich.
Atualmente, o Brasil conta com 65.411 respiradores/ventiladores, sendo que 46.663 estão disponíveis no SUS. Os novos aparelhos servirão para o atendimento estratégico ao longo da dinâmica da doença no país, em especial nos serviços de maior sobrecarga.
Balanço
São Paulo continua liderando as estatísticas. São 1.825 óbitos e 21.696 infectados pelo vírus. Das 645 cidades de SP, 131 já têm registro de uma ou mais fatalidades pela Covid-19. A doença também já infectou pessoas em 288 cidades. Cerca de 8 mil pessoas seguem internadas por suspeita ou confirmação do vírus, um aumento de mais de 500 pessoas nas últimas 24 horas, sendo 3.106 pacientes em UTI e 4.810 em enfermaria. Também houve crescimento na taxa de ocupação dos leitos de UTI, que está em 59,8% no estado e 78,4% na Grande São Paulo.
O Rio de Janeiro segue em segundo lugar, com 677 óbitos e 7.944 casos. Outros três estados têm mais que 300 fatalidades cada. São eles: Pernambuco (450), Ceará (390) e Amazonas (320). O Maranhão e o Pará entraram para a lista dos estados com mais mortes, ultrapassando 100, cada. São 125 e 114 fatalidades, respectivamente.
Entre os óbitos confirmados pelo novo coronavírus, 69% tinham mais de 60 anos e 67% apresentavam pelo menos um fator de risco. A cardiopatia foi a principal doença associada e esteve presente em 1.566 dos óbitos, seguida de diabetes (em 1.223 óbitos), doença renal (296), pneumopatia (279) e doença neurológica (265). Em todos os grupos de risco, a maioria dos indivíduos tinha 60 anos ou mais, exceto para obesidade. (BL)