O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) avaliou que o fim do acordo entre Boeing e Embraer é uma reviravolta na transação marcada pelo “desprezo aos interesses nacionais e dos trabalhadores brasileiros”. Em nota, o sindicato disse que a companhia não precisa de aliança com parceiros internacionais para sobreviver e defendeu a reestatização “para garantir empregos e direitos dos trabalhadores”.
A entidade também pediu que os custos da Embrer para efetuar a transação sejam ressarcidos pela Boeing. Com base no demonstrativo financeiro da companhia brasileira de 2019, o sindicato destacou que esse valor chega a R$ 485 milhões.
Firmado no fim de 2018, o Acordo Global da Operação (MTA, na sigla em inglês) entre Boeing e Embraer era avaliado em US$ 5,2 bilhões, sendo que o controle seria da Boeing, que pagaria US$ 4,2 bilhões pelos 80% de participação na joint venture de aviação comercial. A empresa brasileira ficaria com os 20% restantes e com as divisões de jatos executivos e militar.
A data limite inicial para rescisão do contrato era 24 de abril, passível de extensão por qualquer uma das partes caso algumas condições fossem cumpridas. “A Boeing exerceu seu direito de rescindir após a Embraer não ter atendido às condições necessárias”, informou a companhia norte-americana no sábado. A fabricante brasileira, no entanto, soltou uma nota no mesmo dia alegando que a Boeing rescindiu indevidamente o acordo, “fabricando falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação” e prometeu buscar “todas as medidas cabíveis”. A empresa ainda disse que Boeing adotou um padrão sistemático de atraso e violações repetidas do MTA, “devido à falta de vontade em concluir a transação, sua condição financeira, ao 737 MAX e outros problemas comerciais e de reputação”.
A gigante norte-americana enfrenta dificuldades financeiras devido à crise no setor aéreo provocada pela Covid-19 e negocia socorro junto ao governo dos EUA. Desde março de 2019, a Boeing suspendeu as entregas do modelo porque as autoridades aéreas dos EUA proibiram 737-MAX de voar após a queda de dois aviões operados pela Lion Air e Ethiopian Airlines.
A Embraer informou que realizará uma videoconferência com investidores nesta segunda-feira.
R$ 4,2 BILHÕES
Valor que a Boeing pagaria para a fabricante brasileira para controlar 80% da operação de jatos comerciais