Brasil

Rio luta para evitar colapso na saúde





Com o crescente aumento de pacientes com Covid-19, a falta de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) torna-se uma realidade amarga para cada vez mais cidades brasileiras. De acordo com o Ministério da Saúde, Rio de Janeiro é o segundo estado com mais casos confirmados e mortes no Brasil, sendo 6.282 infectados e 570 óbitos, ficando atrás apenas de São Paulo. A esperança de aliviar o sistema saturado está na inauguração dos oito hospitais de campanha anunciados pela administração de Wilson Witzel, ele próprio é um infectado pelo coronavírus. Ao todo, 1,8 mil leitos serão disponibilizados pelas novas unidades, incluindo enfermaria e UTIs.

O Hospital Regional Zilda Arns, de Volta Redonda, é o único que ainda tem vagas exclusivas para o tratamento de pacientes com coronavírus disponíveis na unidade federativa. A cidade está localizada a 120 km da capital. No estado, há 230 pacientes de coronavírus na fila por uma UTI. Atualmente, a taxa de ocupação em todas as unidades da rede estadual é de 80%, em leitos de UTIs, e 67%, em leitos de enfermaria – há duas semanas, as taxas eram de 41% e 63%, respectivamente. Apesar de haver UTIs disponíveis, existe fila de espera, pois as vagas disponíveis “são de unidades que não necessariamente têm o perfil de atendimento para Covid-19, como Hospital da Criança, Hemorio, Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), Instituto Ensinar de Desenvolvimento Social (Iedes)”, explicou a Secretaria de Saúde do Rio.

Ao todo, 2.133 pacientes estão internados na rede estadual. A maioria, na cidade do Rio de Janeiro. Dos 810 pacientes internados na capital por Covid-19, 277 estão em UTI. O hospital que tem sido o refúgio dos cariocas em Volta Redonda, interior do estado, tem 74% dos leitos da enfermaria e 75% das UTIs ocupadas. Isso significa que o Hospital Regional Zilda Arns tinha disponíveis 39 leitos de enfermaria e 20 de UTI, até a última atualização da secretaria, na noite de ontem.

Sem leitos suficientes e aumento da pandemia, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afirmou não haver previsão de retomada das atividades econômicas enquanto os hospitais de campanha não forem inaugurados. Ontem, durante entrevista para a GloboNews, Witzel confirmou que só anunciará a reabertura de atividades quando tiver pelo menos 30% de leitos de CTI livres para serem ocupados. Uma das alternativas para ampliar a capacidade de atendimento do Sistema de Saúde (SUS) é a construção de hospitais de campanha. O primeiro do estado, dedicado exclusivamente a pacientes do SUS infectados pelo novo coronavírus, será inaugurado hoje. Montada em 19 dias e localizada na Zona Sul da capital, a estrutura oferecerá 200 leitos, sendo 100 de UTI. No entanto, no início, serão abertos apenas 30 leitos, sendo 10 de UTI. O restante acontecerá de forma gradual.

“A abertura dos hospitais de campanha vai nos possibilitar diminuir a pressão no nosso sistema de saúde. Com o tempo e a certeza de que não colocaremos vidas em risco, poderemos ter a volta gradual e regionalizada das atividades que hoje estão suspensas”, afirmou Witzel. Outros 1,8 mil leitos estão previstos pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, com a construção de outros oito hospitais de campanha e um modular. Eles serão abertos de acordo com a evolução da pandemia. Nos primeiros dias de maio, a secretaria deve inaugurar um deles, localizado no Maracanã, com 400 leitos.