O Brasil bateu novo recorde de morte pelo novo coronavírus e não há previsão para que os números comecem a diminuir. Em 24 horas, mais 407 pessoas entraram para o balanço de óbitos pela doença no país, chegando a 3.313. O incremento foi de 14%, maior índice desde a troca de ministros da Saúde. O novo chefe da pasta, Nelson Teich, não soube precisar o motivo da drástica variação, mas levantou a hipótese do aumento representar um esforço para zerar a fila de amostras que aguardam diagnósticos. Segundo o Ministério da Saúde, 112 dos 407 óbitos anunciados ontem ocorreram nos últimos três dias; o restante, antes desse período. Outros 1.269 óbitos aguardam investigação laboratorial.
“Tivemos um aumento nos óbitos que foi acima do que vinha acontecendo anteriormente. A gente não sabe se isso representa um esforço de fechar o diagnóstico ou se vai representar uma tendência de aumento”, comentou Teich. No entanto, para ter mais respaldo, o ministro disse que seria necessário acompanhar a evolução dos números nos próximos balanços. “Se for uma linha de aumento, os números dos próximos dias vão aumentar cada vez mais e a gente vai saber que isso não é um esforço pontual, mas uma tendência”, explicou.
Mais cedo, o governo de São Paulo, onde foram registradas 211 das 407 novas mortes, afirmou que o aumento se devia à confirmação de casos que aguardavam a análise. O estado continua liderando as estatísticas, somando 1.345 óbitos e 16.740 casos confirmados da doença, distribuídos em 256 municípios. O número de internações na unidade federativa também disparou. São 7 mil pacientes, entre suspeitos e confirmados, nos hospitais paulistas – 2.807 internados em UTI e 4.196 em enfermaria. A taxa de ocupação dos leitos para atendimentos Covid em UTI no estado está em 55,3%. Na Grande São Paulo, a taxa está em 74%.
Outros quatro estados têm mais que 200 fatalidades cada. São eles: Rio de Janeiro (530), Pernambuco (312), Ceará (266) e Amazonas (234). Já o Tocantins, último a registrar óbitos pela doença, confirmou, ontem, a segunda morte.
De acordo com levantamentos do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), as mortes provocadas por Covid-19 no Brasil têm dobrado, em média, num intervalo de cinco dias. Nos Estados Unidos e no Equador, países com elevada disseminação da doença, o intervalo para essa duplicação, ao avaliar um período similar da propagação, seria de seis dias. Na Itália e na Espanha, oito.
Para se chegar a esse resultado, os pesquisadores analisaram o crescimento diário dos casos de coronavírus nas últimas três semanas. Apesar de destacarem uma situação preocupante, principalmente em regiões do Norte e Nordeste, observaram uma aparente tendência à desaceleração do crescimento de casos em algumas unidades federativas. Esse decréscimo, segundo a análise, tem relação com as medidas de isolamento social, “dado que a comparação com outros países torna evidente comportamento similar em várias partes do mundo”.
Quarentena
O ministro da Saúde, Nelson Teich, abordou novamente o distanciamento social ao ser questionado se era a favor da medida não farmacológica. “A gente defende o que é melhor para sociedade. Se o melhor para sociedade for o isolamento, é o que vai ser. Se eu puder flexibilizar, dando autonomia para as pessoas e uma vida melhor, e isso não for influenciar na doença, é o que eu vou fazer”, respondeu. No dia anterior, durante a primeira coletiva ao lado dos outros ministros, Teich defendeu a construção de uma diretriz para que estados e cidades possam retornar do isolamento.
O Ministério da Saúde divulgou, também, o número de pacientes recuperados da Covid-19. De acordo com a pasta, 26.573 dos 49.492 pacientes diagnosticados estão curados. Isso representa 54% das pessoas que tiveram um diagnóstico comprovado. Outras 19.606 continuam em acompanhamento.