Segundo o governo do Rio, o Plano Estadual de Reabertura Planejada da economia será baseado em três eixos: definição prévia do ritmo de abertura; orientações de comportamento; e protocolos de operação para administradores, empresários e trabalhadores. Será feito um mapeamento de risco das atividades e das regiões do estado. “No estado do Rio de Janeiro, a curva de contaminação ainda é alta, apesar de estar sob controle. E é exatamente por estar sob controle que nós estamos muito preocupados com qualquer reabertura da atividade econômica”, comentou o governador.
Santa Catarina é um dos estados que retoma as atividades comerciais. Clientes voltaram a frequentar o shopping center Neumarkt, em Blumenau, que após mais de um mês fechado por causa dos decretos de isolamento, provocou aglomeração de pessoas na reabertura esta semana. A Justiça do estado estabeleceu, ontem, multa de R$ 500 mil por dia caso a administração do centro de compras não siga as normas de distanciamento social estabelecidas em portaria do Governo do estado para reabertura do setor. A decisão foi resultado de uma ação civil pública movida pela Defensoria Pública de Santa Catarina, após a ampla divulgação de vídeos que mostra aglomeração de pessoas na abertura do centro comercial, assim como apresentação de show musical.
Segundo o despacho do juiz Frederico Andrade Siegel, a abertura do shopping está condicionada à comprovação de distância de 1,5 metro entre as pessoas, de que a lotação do local não esteja acima de 50% da capacidade e da proibição de shows. O estabelecimento alegou cumprir “rigorosamente todas as orientações”.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmou que a retomada das atividades empresariais em território mineiro, que vem sendo planejada por seu governo, levará em consideração questões como a geração de renda e a intensidade de uso de mão de obra ou de circulação de pessoas nas instalações. Ele evitou dar um prazo para a esperada completa retomada das atividades no estado, mas sinalizou que as atividades que empregam a maioria das pessoas e que geram a maior parte da riqueza do estado devem ser retomadas mais rapidamente.
Efeitos negativos
Para Joelson Sampaio, coordenador do curso de economia da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, os efeitos na economia, mesmo com a retomada, serão negativos nos próximos meses. “Isso terá um efeito não só na oferta como na demanda, em médio e curto prazo. No caso da demanda, ela pode ser menor, o que trará um efeito negativo na parte financeira da empresa”, destacou.
Com a conectividade gerada neste tempo de pandemia, delivery e home office devem permanecer na rotina das pessoas, o que pode afetar outros setores que antes eram habituais. “Tudo isso pode afetar a economia e a forma como as pessoas circulam. Por exemplo, reuniões em diferentes locais que precisam pegar um avião, tendem a optar, daqui em diante, pela tecnologia. Isso pode causar um impacto no setor aéreo”, observou o coordenador.
Economista da PUC Rio, Luiz Roberto Cunha disse que, apesar de a quarentena ser uma medida “dramática”, do ponto de vista econômico, ela só poderia ser flexibilizada se o país tivesse capacidade para realizar testes em massa para identificar os infectados assintomáticos. “Eu acho que o Brasil não tem estrutura e nem condições para fazer uma saída (do isolamento social) organizada. Então, a saída vai ser desorganizada mesmo”, pontuou.
O empresário e presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi), Eduardo Aroeira, destaca que a reabertura do comércio vai impulsionar as vendas no segmento da construção civil, de escritórios imobiliários e de arquitetura. “Os desafios, porém, serão os que temos desde março. Temos que ter um cuidado muito grande com a saúde dos funcionários e dos clientes.”
*Estagiários sob a supervisão de Andreia Castro