O governador João Doria, de São Paulo, anunciou ontem o plano de retorno às atividades econômicas, que começa a partir de 11 de maio. Inicialmente, a abertura será voltada para os setores que têm maior vulnerabilidade econômica, porém de menor risco para a saúde. Apesar de detalhar o programa, ele não disse quais são as áreas que retomarão as atividades primeiramente.
“Detalhes só serão anunciados no dia 8 de maio, se todas as circunstâncias permitirem”, explicou Doria, na 32ª coletiva de imprensa feita no Palácio dos Bandeirantes sobre a crise do novo coronavírus.
O governador informou que as situações locais e regionais serão levadas em conta para o recomeço das atividades. Entre os critérios que serão analisados estão a ocupação diária de leitos nos hospitais, capacidade de testagem de casos do novo coronavírus e o avanço da infecção. Atualmente, a taxa de ocupação de leitos de UTI para a Covid-19 no estado é de 53,3%. A ocupação de vagas de enfermaria no estado é menor e chega a 40,5% –– a taxa soma os leitos de hospitais públicos e privados.
Doria afirmou que, até 10 de maio, não haverá nenhuma alteração da quarentena de São Paulo. A retomada não significa, no entanto, a decretação do fim do isolamento. “Não estamos anunciando que no dia 11 de maio não teremos mais nenhuma quarentena. Teremos o plano que vai estabelecer áreas e setores que poderão retomar as atividades e outros não. Um plano flexível, amparado na ciência, na medicina, nas questões regionais e também na economia”, avisou.
Ao citar serviços que continuaram a funcionar durante a quarentena, Doria assegurou que 74% da economia de São Paulo permaneceram ativas durante o período. No entanto, ressaltou que a economia não se sobrepõe às recomendações médicas. “Em uma pandemia como essa, quem determina nossos passos são a saúde e a ciência”, reforçou.
As palavras de Doria são alfinetadas na Federação das Associações Comerciais do Estado São Paulo (Facesp) e na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que divulgaram comunicado em que pedem para que o comércio seja parcialmente reaberto a partir do dia 1º de maio. As instituições dizem que em uma suposta volta, seriam respeitadas regras de segurança. Afirmam ainda que a paralisação do varejo significa a não circulação de R$ 1 bilhão por dia.
Sinais
Outros estados com números também preocupantes de infecção da Covid-19 dão sinais de que seguirão a linha adotada por São Paulo. Tal como o Rio de Janeiro, que já tem hospitais no limite de ocupação e pacientes precisando ser transferidos para cidades do interior do estado. Mesmo com 78% de ocupação dos leitos de UTIs da rede estadual, o governador Wilson Witzel cogita flexibilizar a quarentena a partir de 1º de maio. Apesar de estar em fase de análise, a nova medida deverá trazer a reabertura do comércio, incluindo o da capital, além da volta da circulação de ônibus intermunicipais e dos cultos religiosos.
Entre os cinco estados com mais casos, até aqueles que já sofrem com o colapso do sistema de saúde começam a debater planos para o retorno das atividades de comércio, serviços e demais atividades, mesmo sem previsão para colocá-los em prática. No Ceará, antes da superlotação das UTIs, o governador Camilo Santana chegou a anunciar uma flexibilização da quarentena no início do mês. Depois recuou. Agora, assegura que a comissão criada para tratar da reabertura será pautada pelas orientações da área da saúde do estado.