A rotina de 30 enterros por dia ultrapassou 120 no Amazonas e já exige o uso de valas coletivas no Cemitério Parque Tarumã, principal área de sepultamento na zona norte de Manaus. O Estado apresenta o maior Ãndice de contaminação proporcional pela doença.
Segundo a Prefeitura, essa metodologia de "abertura de trincheiras", já é utilizada em outros paÃses. Diferentemente do que se convencionou chamar de vala comum, uma área de enterros sem identificações, essa medida "preserva a identidade dos corpos e os laços familiares, com o distanciamento entre caixões e com a identificação das sepulturas."
O Amazonas registrou mais 110 casos de covid-19 nesta terça-feira, totalizando 2.270 relatos confirmados do novo coronavÃrus no Estado, segundo boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM). Também foram confirmados mais oito óbitos pela doença, elevando para 193 o total de mortes.
A Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom), da Prefeitura de Manaus, informou oficialmente que, "com o aumento na demanda do cemitério público Nossa Senhora Aparecida, no Tarumã, em consequência da covid-19, e devido aos consecutivos conflitos entre familiares e a imprensa", o acesso ao local está restrito "à s famÃlias que forem enterrar os seus entes queridos, na quantidade máxima de cinco pessoas, conforme o Decreto 4.801, de 11 de abril de 2020". "A medida visa a preservar a privacidade das famÃlias enlutadas e também considera o risco de propagação do novo coronavÃrus."
"Hoje, dos 106 sepultamentos (no Estado), 36,5% das pessoas morreram em casa. Está se caracterizando certa falência, certo colapso das possibilidades de atender. Nosso Hospital de Campanha, e a prefeitura não tem obrigação de cuidar de hospitais, está trabalhando e bem. Hoje, se não me engano, foram quatro altas. Estamos acolhendo as pessoas com critério muito rÃgidos para termos certeza de dominância do quadro. O número de UTIs está crescendo e as UTIs estão totalmente lotadas. As quatro vagas abertas com certeza já foram ocupadas", disse o prefeito Arthur VirgÃlio (PSDB) nas redes sociais.
A alta nos enterros coincide com o momento em que a ocupação dos leitos oscila entre 96% e 100%, segundo confirmou a secretária estadual de Saúde, Simone Papaiz, em boletim do governo. Faltam vagas em leitos clÃnicos e, principalmente, nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Entre casos suspeitos e confirmados de covid-19, 879 pessoas estão internadas, sendo 262 em UTI.
A diretora da Fundação de Vigilância Sanitária do Estado, Rosemary Pinto, atribui os números do Amazonas à falta de adesão ao isolamento, em Manaus. "A PolÃcia e a Vigilância passam nas áreas de comércios não essenciais e na hora eles fecham. Duas horas depois, nós voltamos e o comércio está todo aberto. A população não está aderindo ao 'fique em casa'."
Assistência
O Serviço de Pronto Atendimento da Alvorada, zona oeste de Manaus, a chegada de pacientes é crescente e os relatos são de estrutura precária, com falta de respiradores e de técnicos para trocar o cilindro de oxigênio. E os profissionais de saúde também se somam à lista de doentes: em uma semana, 52 testaram positivo no Amazonas. São 376 afastados. Houve nove mortes - três médicos, quatro técnicos de enfermagem e um gestor e um profissional de outra categoria.