Brasil

Pousadas e restaurantes suspendem contratos de trabalho durante pandemia

Crise econômica atingiu empresários da cidade de Tiradentes, cuja principal atividade é o turismo

Uma cidade deserta, sem o característico turismo e com forte preocupação com a economia. Os efeitos da crise provocado pela expansão do coronavírus se tornarão ainda mais evidentes na cidade de Tiradentes neste 21 de abril, data que o município celebrará o aniversário de morte do mártir de mesmo nome, principal personagem da Inconfidência Mineira no século XVIII. Com as barreiras sanitárias e os decretos impostos pela prefeitura para conter a aglomeração de pessoas, o turismo na cidade perdeu fôlego nesta feriado prolongado com o fechamento de restaurantes, hotéis e pousadas.

Para evitar maiores prejuízos, muitos empresários já aderiram à Medida Provisória 936 sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, que suspende temporariamente os contratos de trabalho durante o período de recessão econômica.
 
De acordo com dado da secretaria de Turismo, o período de março e abril é o que Tiradentes mais recebe visitantes, com 90% da ocupação total dos estabelecimentos, muito impulsionado pela série de eventos, como a semana santa. O momento esperado nesta terça-feira era semelhante, já que muitos turistas aproveitariam os quatro dias para conhecer as atrações do município de pouco mais de 7 mil habitantes, que fica no Campo das Vertentes. 

Preocupada com a situação, a presidente da Associação Empresarial de Tiradentes, Rejane Cunha, afirma que a cidade não tem outra opção senão a exploração da atividade turística: “Estamos contratando empresas de consultoria para avaliarmos o tamanho do impacto econômico para a cidade e ver a possibilidade de reabrir as atividades pouco a pouco. Essa perda é enorme, porque nossa cidade não possui indústrias que possam fomentar a economia. A situação é mais complexa do que de uma cidade que contém uma indústria têxtil, por exemplo”.  

Atualmente, são cerca de 120 empresários cadastrados na associação, divididos entre os setores de restaurantes, hotelarias e serviços, como agências de turismo. Mas estima-se que são mais de mil empreendedores na cidade que vivem exclusivamente do turismo na região. 

A prefeitura também lançou um novo decreto recentemente que liberou a abertura dos lava-jatos, papelarias e salões de beleza, desde que evitassem aglomerações. Anteriormente, o município já tinha autorizado também o funcionamento das lojas de construção para minimizar os impactos da recessão.
 
“Como temos muitos restaurantes e hoteis em funcionar, seus donos podem aproveitar esse momento para fazer reformas que antes eram inviáveis. Assim podemos aquecer a economia local”, ressalta o prefeito Zé Antônio do Pacu, que é um dos milhares de empresários afetados em Tiradentes, já que possui uma pousada que emprega oito funcionários. 

Dono de um restaurante na cidade, Francisco Rodrigues inicialmente deu férias aos 10 funcionários e posteriormente suspendeu os contratos por dois meses para tentar preservar os empregos. Enquanto isso, ele aproveita para fazer manutenção no espaço para ampliar o movimento de turistas no futuro.
 
“O mundo todo está lidando com essa crise. Não temos muito o que fazer nesse momento senão seguir as determinações no município. Estou hoje trabalhando praticamente sozinho, fazendo a limpeza e fazendo uma reforma na cozinha. Esperamos que esse período possa passar, afirma o empresário.  

Saiba Mais

A crise se tornou devastadora para todos os tipos de empresários, até mesmo quem possui pequenas empresas. Gilvânia Gonçalves é proprietária de uma pousada familiar, que emprega somente duas pessoas. Mas ela terá problemas para arcar com o aluguel em torno de R$ 5 mil do espaço que fica na área central de Tiradentes.
 
“A nossa situação é muito difícil. Outros setores da economia estão voltando aos poucos, mas nosso caso é particular. Trabalhamos para turistas, mas a cidade hoje não tem turistas. Fica difícil para honrar os compromissos, por isso temos que negociar, de repente pagando 50% do aluguel e dividindo o resto em parcelas. Ainda assim, mesmo com os gastos, acredito que ainda podemos segurar um pouco para evitar que a pandemia se espalhe pela cidade”, afirma a empresária.