A alimentação saudável e a boa saúde andam juntas. Um histórico de dieta balanceada ajuda a evitar as comorbidades que agravam os quadros dos pacientes com Covid-19. Mas especialistas alertam: nenhum alimento previne o contágio pelo vírus. Além disso, começar a ter uma alimentação saudável, agora, por mais que seja melhor tarde do que nunca, não garante proteção ao coronavírus.
Não há alimentação milagrosa que evite a infecção do novo coronavírus. É o que atesta a professora da área de nutrição clínica no Iesb e mestra em neurociências do comportamento pela UnB, Ana Flávia. “Ser infectado significa que o vírus está no ar e eu peguei. Já a resposta que você vai ter à Covid-19 dependerá de muitos fatores. A alimentação não vai evitar que você 'pegue'”. Ela explica que, por ser um vírus novo, ainda se está aprendendo sobre ele. “Não existe nada, nesse momento, sendo publicado, que sugira que um determinado alimento possa curar ou prevenir”, avisa.
Comer bem é um cuidado que cada um pode ter para melhorar a própria qualidade de vida. É conhecido que a má alimentação, com muitos alimentos ultraprocessados e açúcar, por exemplo, leva a problemas de saúde. Inaiá Sant’Ana é proprietária da Quitutices, casa voltada a clientes com restrições alimentares. No local, ela não trabalha com leite ou derivados, nem açúcar refinado, por exemplo. “Alimentação saudável, não só agora, mas em todos os momentos. Tem muita gente que começou agora, mas é um cuidado que deve ser constante”, conta. Comer bastante fruta, pouco açúcar. Isso tudo é muito bom para fortalecer a imunidade. Temos que manter o corpo saudável para tudo”, pondera.
Inaiá chama a atenção para que não se desconte a ansiedade na comida. “É muito importante ter controle emocional, fazer atividades físicas e criar uma rotina”, recomenda. E a nutricionista Ana Flávia faz um alerta: “Esse não é o momento de dietas mirabolantes. A maior parte dos profissionais de saúde fala que esse não é o momento de entrar em dietas. Se você já fazia um acompanhamento nutricional anterior, é possível manter”.
Se manter bem hidratado é uma das melhores coisas a serem feitas em meio à pandemia. A especialista explica que, em síndromes virais, a hidratação ajuda na recuperação. “Isso é uma recomendação para todas as ocasiões, tanto em tempos de pandemia, quanto no dia a dia”, destaca.
Em família
A rotina corrida do cotidiano, muitas vezes, não permite que pais e filhos façam juntos as refeições. Que tal levar os pequenos para ajudarem na cozinha? Adriana Lannes é sócia na Bentô Kids e mãe de duas crianças, uma de 2 anos, outro de 7. A proposta da Bentô é oferecer uma alimentação divertida. Para esse momento de quarentena, porém, Adriana vai além e sugere que as crianças recebam atenção especial. “Não precisa ser só participar na cozinha. Você pode criar um momento de diversão, como um piquenique na sala. Deixe que participem da elaboração dos pratos ou da mesa”.
Ela conta que tem recebido reclamações de pais com dificuldade para alimentar as crianças e sugere que esse seja um momento para dar bons exemplos aos pequenos, tentando deixar a hora da refeição divertida. Adriana ainda sugere que se usem recursos lúdicos com os pequenos para estimular na hora de comer. “Na rotina que estamos vivendo é difícil pensar em cardápios diferentes, mas um macarrão cabelo de anjo com carne moída e um tomatinho pode virar um palhaço. Colocar frutas picadinhas e água de coco em um molde de picolé é uma maneira diferente de comer as frutas.” (RR)