Brasil

Teich cobra informação

Ao tomar posse, ministro da Saúde coloca como meta prioritária da sua administração o recolhimento de dados sobre o novo coronavírus e a integração entre organismos estatais e governos. A partir daí, pretende traçar a estratégia para o combate à pandemia




Sem trazer medidas específicas a serem implementadas no Ministério da Saúde no momento, o novo ministro Nelson Teich tomou posse ontem falando sobre a intenção de focar no levantamento de informações. O objetivo é conseguir desenvolver um planejamento mais eficaz em relação ao combate à Covid-19. Conforme enfatizou, a pobreza de informações quanto à doença leva a um cenário de incertezas que aumenta o nível de ansiedade e medo na população.

Teich prometeu acelerar a troca de informações para propor soluções e retomar a confiança da população. “O que vai nortear a gente é a informação”, pontuou, frisando a importância de uma integração maior entre os ministérios.

Antes mesmo de se tornar ministro, ele já enfatizava a preocupação com a escassez de dados de qualidade sobre a Covid-19 em seus artigos. “A situação do gestor de saúde é muito difícil, porque ele precisa tomar decisões duras usando informações e projeções que apresentam grande incerteza”, escreveu em um deles, publicado em 24 de março.

Com detalhamentos em mãos, segundo Teich, o processo adotado será de “olhar o que está faltando e desenhar um programa”. “Quando você tem um número, sabe o que acontece; as soluções vêm quase naturalmente”.

Para que isso ocorra, conforme observou, há a necessidade de se trabalhar com os estados e municípios para que se tenha agilidade. “Com tanta incerteza, você não consegue planejar muito na frente. Tem que analisar todo dia o que está acontecendo, ver o que aconteceu ontem, fazer um diagnóstico, planejamento e executar”, orientou.

O ministro lembrou que, agora, o país entrará em um período –– outono e inverno –– em que outras doenças aparecem com força, como a Dengue e a iifluenza, e que isso tende  a sobrecarregar o Sistema Único de Saúde (SUS). Teich ressaltou que é preciso acompanhar a evolução das doenças com informações de qualidade, bem detalhadas, e com a integração de equipes. “É uma coisa que eu pretendo trazer de forma mais intensa nessa transição de um ministro para outro”, afirmou.

Economia
Teich também ressaltou a importância de atenção às questões econômicas neste momento de crise. “Porque se a gente tiver mais desemprego, pessoas vão perder o plano de saúde e isso vai impactar no SUS”, avisou.

Como estratégia para diminuir o avanço da pandemia no atual cenário, e alinhar-se ao presidente, Teich chamou a atenção para outras preocupações de saúde. De acordo com o ministro, a Covid-19 é foco das preocupações, mas que é importante não deixar de lado as demais doenças, e que é preciso acompanhá-las com a mesma intensidade –– “mesmo que não se fale tanto nelas”.

“Se você tem menos disponibilidade de serviços de diagnóstico, será que você não vai prejudicar o diagnóstico de pessoas com câncer? O que isso vai representar lá atrás, quando você reduz a atividade? Não é (atividade) da economia, é (atividade) dos serviços. O que vai acontecer quando a pessoa fica em casa com medo de ir ao pronto-socorro, infarta e não chega a tempo no hospital?”, questionou.