“Precisamos de testes e diagnósticos, em grande quantidade. Mas temos dificuldade de adquirir reagentes para que os exames possam ser feitos no Brasil. Isso é um problema sério”, disse. Segundo o ministro, o CT Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) trabalha para desenvolver um reagente nacional que tem a mesma performance dos internacionais. “Um equipamento com inteligência artificial consegue detectar a presença da virose na amostra de saliva, iluminada por laser. Mesmo equipamento pode detectar outros problemas, como influenza, hanseníase”, destacou. O equipamento será conectado na rede, o que vai permitir que milhares de órgãos de saúde possam fazer exames. “O aparelho faz a análise e retorna com o resultado um minuto”, disse.
O ministro ressaltou, ainda, que o sequenciamento do coronavírus é fundamental para conhecer a mutação que está no Brasil. “O vírus vai mutando, então, nós temos um vírus nacional, por isso precisamos conhecer seu sequenciamento para fazer uma vacina que funcione para a versão mutante do Brasil”, explicou. De acordo com Pontes, o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), tem o supercomputador mais poderoso da América Latina para identificar as vacinas mais apropriadas. “Vacinas demoram mais do que o reposicionamento de drogas, mas a equipe está trabalhando com vacina dupla para Influenza e Covid-19”, detalhou.
“Quero somar essas coisas: em um futuro próximo, vamos realizar testes diagnósticos com mais amplitude, resultados mais precisos e acompanhamento e tratamento das pessoas com sintomas”, afirmou o ministro. As soluções, acredita Pontes, poderão desafogar o sistema hospitalar enquanto as vacinas ainda estão em estudo. “O paciente com os primeiros sintomas vai numa unidade, faz o exame e, se testar positivo, o médico pode prescrever o medicamento. Ele volta para casa, passa um período em isolamento e consegue se livrar do vírus nesse período”, disse.
Saiba Mais
Articulação
Os dados gerados pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), fundamentais para subsidiar os testes clínicos, foram compartilhados com a RedeVírus MCTIC, responsável por articular a continuidade do estudo com pessoas infectadas pelo coronavírus. A rede também compartilhará este conhecimento com outros países que compõem a cooperação internacional, incluindo a Unesco que lidera uma frente global com ministros de Ciência, Tecnologia e Inovações e com os países do BRICS (grupo dos países Rússia, Índia, China, África do Sul, além do Brasil).
Segundo a pasta, o CNPEM tem infraestrutura e equipamentos de última geração, competitivos internacionalmente, para apoiar os avanços da pesquisa nacional, sendo referência para estudos de materiais. Lá está instalado o Sirius, o novo acelerador de elétrons brasileiro. O equipamento foi projetado para ser uma das mais avançadas fontes de luz síncrotron do mundo e com recursos para lançar a outro patamar as pesquisas que utilizam estruturas moleculares, como é o caso da área de descoberta de fármacos.