É o que apontam os dados oficiais de novos casos compilados pela reportagem do Estado de Minas seguindo orientação da Sociedade Mineira de Infectologia. O ritmo de infecções chega a ser praticamente quatro vezes mais rápido na capital fluminense que em BH e impressiona quando comparado ao dos paulistanos, no centro da epidemia nacional, com um compasso 12 vezes maior que o dos belo-horizontinos no período de afastamento público.
A média diária de diagnósticos em BH antes do início do isolamento era de 10,5 casos – índice registrado entre 17 e 28 de março, período no qual muitos dos que haviam se contaminado antes da medida ou no seu início não haviam manifestado sintomas. Essa média aumentou 41,7%, chegando a 15 pacientes a cada 24 horas entre 29 de março e 11 de abril, período já dentro do isolamento, que compreende o prazo de cinco a 14 dias para aparecimento de sintomas de quem se contaminou, acrescido das 72 horas necessárias para o diagnóstico (veja quadro).
Índices melhores que os das grandes metrópoles do Sudeste, a região mais afetada até o momento e que concentra acima de 60% dos casos confirmados da COVID-19. Isso, apesar de demonstrações de desrespeito ao conselho dos infectologistas e dos departamentos de saúde federais, dos estados e dos municípios, como a grande presença de pessoas na orla da Lagoa da Pampulha, como mostrado pelo EM. Após a denúncia, a Prefeitura de Belo Horizonte interditou espaços como a área da Igreja São Francisco de Assis.
Em Minas Gerais, os dados mostram que a média de diagnósticos antes do recolhimento das pessoas foi de 16,4 casos. No período do isolamento, essa razão subiu para 38,9, ou seja, uma expansão de 137% das infecções. Esse ritmo, ainda que superior ao de Belo Horizonte, é 2,7 vezes mais lento do que o registrado em São Paulo, 1,7 vez inferior ao do Rio de Janeiro, e 2,1 vezes abaixo do registrado pelo Brasil no comparativo entre os períodos.
Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano Silva, os sintomas da COVID-19, como febre, tosse, dificuldade para respirar, produção de escarro, congestão nasal, dor de garganta e coriza, começam a aparecer entre o quinto e o 14º dia após a exposição ao vírus. "Por esse motivo, as semanas que se seguem a esses prazos é que vão realmente mostrar se o isolamento e outras medidas estão sendo efetivos. Se melhor aplicadas em Minas Gerais ou em outros estados", projeta o especialista. Contudo, o infectologista alerta que fatores como a demora na realização de exames e a não realização de diagnósticos em casos menos críticos podem distorcer os dados oficiais.
Outro indicador da progressão da COVID-19 na realidade de cada estado ou região é a velocidade com que o número de casos dobra. Levando-se em conta os primeiros dados obtidos para contaminações dentro do período de isolamento, até o dia 11, Belo Horizonte apresenta um ciclo de duplicação das infecções de 12 dias. O estado de Minas Gerais é mais rápido, dobrando o número de casos a cada 10 dias. As duas realidades mostram um compasso de contaminações mais lento que a verificada no Brasil, no Rio de Janeiro, em São Paulo e nas capitais desses estados, que é de cerca de oito dias para que se tenha o dobro de diagnósticos positivos.
Para a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a curva de Minas está achatada, o que indica que as medidas de isolamento estão no caminho certo e ocorreram em momento oportuno. Na quarta-feira passada, a SES mudou a previsão de pico da COVID-19 em Minas, inicialmente projetada para a última semana de abril, para 4 ou 5 de maio. A alteração responde a uma percepção de que a contaminação está ocorrendo de forma mais lenta, o que significa também menos pressão sobre o sistema de saúde. De acordo com a secretaria, houve picos de adesão ao isolamento por 70% da sociedade em Minas permitindo uma redução na transmissão do vírus.
Saiba Mais
Para se prevenir do contágio, a pessoa deve lavar as mãos com frequência, utilizando água e sabão ou álcool em gel. Cobrir o nariz e a boca ao espirrar ou tossir. Evitar aglomerações se estiver doente, manter os ambientes bem ventilados e não compartilhar objetos pessoais. Não existe tratamento específico para infecções causadas pelo novo coronavírus, sendo indicado repouso e consumo farto de água, além de medidas para alívio dos sintomas, como o uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos). Em caso de piora do quadro, com febre alta, persistente e dificuldade em respirar, o paciente deverá procurar a unidade básica de saúde mais próxima.