O adolescente indígena Alvanei Xirixana, de 15 anos, morreu nessa quinta-feira, após ter sido diagnosticado com o novo coronavírus. Este é o primeiro caso de morte na etnia Yanomami por causa da Covid-19. O jovem deu entrada no Hospital Geral de Roraima com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e seu primeiro teste para o vírus deu negativo. O segundo, no entanto, confirmou a doença. A assessoria de comunicação do governo de Roraima confirmou o óbito do adolescente, que estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde o início da semana.
De acordo com o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei), que atende a região, ele era natural da aldeia Rehebe, nos domínios da Terra Indígena Yanomami, mas passou a residir no município de Alto Alegre, a 87 quilômetros (km) da capital. O motivo da mudança para a Terra Indígena Boqueirão foi dar continuidade aos estudos do ensino fundamental. Ainda segundo o Dsei, o adolescente morava com uma liderança indígena.
Com o avanço da epidemia no estado e a suspensão das aulas, ele teria voltado para a aldeia de origem, mas se sentiu mal e foi encaminhado para o hospital. O Dsei também confirmou a morte do adolescente, mas disse que, no atestado de óbito, a morte foi registrada como Síndrome Respiratória Aguda Grave.
O local onde o jovem vivia é uma rota de grande trânsito de pessoas não-indígenas por conta da exploração de minério na região. As entradas para as aldeias indígenas de Roraima foram fechadas após a confirmação do caso. O prefeito do município de Alto Alegre, Pedro Henrique Machado (PSD), fechou as entradas da cidade.
Entidades de defesa da causa indígena, como o Instituto Socioambiental (ISA) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) têm denunciado a subnotificação de casos da Covid-19 e demonstrado preocupação quanto ao que isso pode representar de risco para as comunidades. Ambas alertam que ao menos outros dois indígenas contaminados pelo novo coronavírus já foram a óbito e que o governo federal não registrou as ocorrências no balanço. Os indígenas eram uma mulher da etnia borari, de 87 anos, que morreu em Alter do Chão, no município de Santarém (PA), e o outro era um homem de 55, do povo Mura, morto em Manaus. Os óbitos ocorreram, respectivamente, no dia 19 de março e 5 de abril.