Apesar de assustar a população, a velocidade do aumento diário de mortes ainda não é explosiva e a curva de mortes do Brasil é menos acentuada se comparada a de outros países, de acordo com especialistas. O infectologista do Laboratório Exame, David Urbaez, explica que, “sem dúvida alguma, isso tem relação direta com as medidas de isolamento social, colocadas em prática com bastante antecedência. De qualquer maneira, isso não é uma realidade que possa permanecer absoluta.”
O vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Alexandre Cunha, concorda. Ele enfatiza que isso pode mudar a qualquer momento. “A gente sabe que esse número vai aumentar e que essa é uma epidemia longa. Quando a gente evolui de forma devagar, dá a impressão que tudo está bem e que podemos afrouxar as medidas de isolamento. Esse é o perigo dessa falsa impressão”, alerta.
Na última semana, em novo boletim epidemiológico, o Ministério da Saúde sugeriu que a partir da próxima segunda-feira (13), alguns estados e municípios comecem a migrar para o distanciamento social seletivo, conhecido como isolamento vertical. A sugestão é válida para lugares em que os casos confirmados do novo coronavírus “não tenham impactado em mais de 50% da capacidade instalada existente antes da pandemia”.
Urbaez acredita que é preciso insistir que isolamento não é sinônimo de férias. “Todo cuidado é pouco. Tenho observado nos últimos dias um afrouxamento generalizado dessa compreensão do isolamento social. As pessoas indo para a rua e indo para passear no supermercado”, pontuou. Para Alexandre, o certo é que se faça uma liberação gradual de pessoas. Explica que cada medida não farmacológica demora cerca de 15 dias para gerar um impacto no casos.
“Se formos nos basear nos óbitos, demora ainda mais. Às vezes um mês para ver um reflexo”, indica. No Brasil, apenas o estado de Tocantins ainda não confirmou mortes pela doença. São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco se mantêm como os estados com maior número de mortes (veja arte). O Distrito Federal, segundo a pasta, tem 14 óbitos pela nova doença.
Em relação ao aumento diário de casos confirmados, os números também seguem um padrão e, desde 31 de março, mais de mil casos são diagnosticados de um dia para o outro. De quinta para sexta, 1.781 novos casos da Covid-19 foram incluídos no boletim. A região Sudeste segue sendo a que mais tem casos confirmados, com 11.678 pacientes diagnosticados. Em seguida, está o Nordeste, com 3.528 casos; o Sul, com 1.972; o Norte, com 1.505; e o Centro-Oeste, com 955.
Testagem
Saiba Mais
O Ministério da Saúde diz que se esforça para ampliar a testagem. Até a última quinta (9), 451,4 mil testes RT-PCR e 500 mil testes rápidos foram distribuídos. Na próxima semana, mais 1 milhão de testes rápidos e 50 mil RT-PCR devem ser enviados aos estados.