Brasil

Mandetta prevê pico em abril e maio

Um relatório técnico publicado ontem por cientistas e pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, afirma que se espera um aumento de casos do novo coronavírus no Brasil “nos próximos meses”, apontando para modelos matemáticos segundo os quais a doença permanecerá potencialmente em circulação “até meados de setembro” e terá “um pico importante” em abril e maio.

O documento evidencia como especialistas e autoridades temem o risco de o sistema de saúde do País não ser capaz de absorver todos os pacientes da Covid-19 com necessidade de hospitalização e defende que, se o isolamento social for adotado antes de o ritmo de contágio pela doença acelerar demais, é possível mitigar o impacto econômico do fechamento de serviços não essenciais.

“Há preocupações relativas à disponibilidade de unidades de terapia intensiva (UTIs) e ventiladores mecânicos necessários para pacientes hospitalizados com Covid-19 bem como a disponibilidade de testes de diagnóstico específico, particularmente os RT-PCR de tempo real, para a detecção precoce de Covid-19 e a prevenção de transmissão subsequente”, afirma o relatório Covid-19 no Brasil: vantagens de um sistema de saúde unificado socializado e preparação para conter casos. Os autores acrescentam que testes rápidos, os sorológicos, e moleculares, do tipo PCR, “podem se tornar disponíveis em breve” no País.

 

    
Erro de avaliação

Ainda que os cientistas e o ministro Luiz Henrique Mandetta reforcem que os governos federal e estaduais e as prefeituras estão seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), eles lembram no relatório que a entidade reconheceu um erro de avaliação do risco global da Covid-19, “que até três dias antes” da declaração de pandemia “era considerado moderado”. “Isso pode ter dificultado medidas para implementar intervenções internacionais específicas de maneira tempestiva e pode ter resultado em um aumento do número de casos na China e na propagação da doença para outros países, incluindo o Brasil”.