O Ministério da Saúde mapeou ao menos 486 mortes pela Covid-19 no país, sendo que 54 novos óbitos foram registrados pela pasta ontem. Apesar do avanço de casos fatais, esse foi o menor crescimento para um período de 24 horas nos últimos quatro dias. Na comparação com sábado, quando 73 óbitos haviam sido contabilizados pelo ministério, a redução foi de 26%.
Além disso, o último levantamento divulgado pela Saúde constatou redução na quantidade de casos confirmados. Ontem, 852 ocorrências entraram na conta da pasta — o crescimento diário mais baixo desde quinta-feira da semana passada —, elevando o total para 11.130. No sábado, dia em que houve recorde de novos casos até o momento, o ministério havia registrado 1.222 pessoas infectadas pelo novo coronavírus (30% a mais).
São Paulo continua sendo o estado que mais preocupa. A cada cinco novas pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus no país, duas são do estado. Sozinho, concentra 41% dos casos confirmados de Covid-19 (4.620), além de acumular 56,6% dos óbitos (275).
Diante da realidade, é possível que, hoje, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), estenda o período de quarentena por mais 15 dias. A previsão do governo paulista é de que 220 mil casos sejam registrados. Como forma de aumentar os recursos para enfrentar a enfermidade, Doria estuda um pedido de empréstimo de US$ 100 milhões (mais de R$ 500 milhões) ao Banco Mundial.
De acordo com o Ministério da Saúde, São Paulo está ao lado de Distrito Federal, Ceará, Amazonas e Rio de Janeiro como as unidades da Federação em que a transmissão do vírus pode entrar na fase mais crítica nos próximos dias: a de aceleração descontrolada. A advertência da pasta leva em conta a proporção de infectados em relação à população. No DF, por exemplo, a incidência é de 15,3 casos a cada 100 mil habitantes.
De acordo com o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, essas cinco localidades serão as primeiras a receber o reforço da pasta, tanto com profissionais de saúde quanto com equipamentos. No fim de semana, ele anunciou que a pasta adquiriu 15 mil respiradores mecânicos, que ajudam pacientes que não conseguem respirar sozinhos e têm o uso indicado para os casos graves de Covid-19.
Segundo ele, foi investido R$ 1 bilhão para a importação dos respiradores, que devem chegar ao país até o fim de abril. Gabbardo ainda garantiu que o ministério tem mantido diálogo permanente com produtores brasileiros de respiradores para garantir a oferta nacional.
“Também temos produção nacional. Contratamos respiradores que vão ser produzidos no Brasil. Essas empresas vão começar a fazer entregas semanais. Vamos ficar com esses respiradores no nosso centro de distribuição e o alocaremos rapidamente nos locais que tiverem necessidade porque a capacidade instalada chegou perto do seu limite. Se houver diminuição de pacientes nestes locais, poderemos transferir os equipamentos de um local para o outro, na medida em que for necessário”, frisou Gabbardo.
De acordo com o inistério, atualmente o Brasil possui cerca de 65 mil respiradores, sendo que pouco mais de 46 mil estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda segundo a pasta, estão sendo adquiridos leitos de UTI volantes, que podem ser instalados rapidamente na rede pública de saúde para enfrentamento da emergência do coronavírus sempre que houver necessidade. Nesses leitos, informou o ministério, estão incluídos mais respiradores para ajudar na recuperação de pacientes.
Apoio ao isolamento
Apesar das constantes declarações do presidente Jair Bolsonaro de que o isolamento social é um risco para a economia do país e que as medidas de distanciamento adotadas por alguns estados deveriam ser ajustadas, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou um documento ao Supremo Tribunal Federal (STF) no qual afirma que o governo federal é a favor do confinamento como forma de se barrar a proliferação do novo coronavírus. No texto, a AGU garante que o Executivo federal segue as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Na semana passada, o ministro do STF Alexandre de Moraes havia determinado que o Palácio do Planalto apresentasse à Corte as medidas que está adotando para enfrentar a pandemia, a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O documento da AGU entregue ao Supremo, assinado por Bolsonaro e pelo advogado-geral da União, André Luiz Mendonça, frisa que “ao contrário do que alega o autor (OAB), todas as medidas adotadas visam garantir as orientações não só do Ministério da Saúde, mas também da Organização Mundial da Saúde”.
Saiba Mais
Ainda segundo a AGU, “o governo federal vem adotando todas as providências possíveis para o combate ao novo coronavírus, implementando medidas que buscam garantir o isolamento social da população para evitar a rápida disseminação do coronavírus (Covid-19) e assegurar o emprego e a renda da população”.