O Ministério da Saúde ganhou uma nova preocupação no combate ao novo coronavírus pelo país e teme que cinco unidades da Federação comecem a apresentar novas ocorrências de Covid-19, em uma espiral desenfreada, nos próximos dias. Com a incidência de casos por 100 mil habitantes muito acima da média nacional, Distrito Federal, São Paulo, Ceará, Amazonas e Rio de Janeiro podem entrar no estágio considerado mais crítico da transmissão a qualquer momento: o de aceleração descontrolada. A previsibilidade do cenário fez a pasta pedir que as medidas de isolamento social sejam reforçadas nessas localidades.
“Que os estados e o Distrito Federal possam implementar medidas de distanciamento social ampliado, devendo manter essas medidas até que os suprimentos de equipamentos — sejam leitos, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), kits diagnósticos e equipes de Saúde — possam realizar uma transição para uma estratégia de distanciamento social seletivo suficientemente segura para se iniciar essa mudança”, destacou o coordenador-geral de Emergência da Secretaria de Vigilância em Saúde, Rodrigo Frutuoso.
Segundo o secretário executivo do Ministério, João Gabbardo dos Reis, o isolamento social se faz ainda mais importante neste momento porque é uma forma de a população não sobrecarregar o sistema de saúde. Ele disse que a pretensão é estar “o mais forte possível do ponto de vista de EPIs, leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de pessoal” para combater a Covid-19 sem que o serviço entre em colapso, especialmente nesse estágio em que a pasta não vai conseguir “prever a dimensão das contaminações”.
“É claro que nós não vamos ficar imunes ao vírus pela vida inteira, e quando as pessoas saírem às ruas, elas vão ficar doentes. Mas o que nós não queremos é que todos fiquem doentes ao mesmo tempo. Se isso acontecer, o atendimento à população não será suficiente, a qualidade do atendimento vai cair muito e o número de pessoas que vai sucumbir à doença será muito maior”, alertou. E acrescentou:
“Por isso, vamos empurrar o máximo que a gente puder (com as medidas de isolamento). Quem sabe, se nós ganharmos tempo suficiente, vamos ter, logo adiante, a possibilidade de tratamento ou de vacina. Isso seria o mundo ideal para nós”.
De acordo com o secretário executivo, para que seja possível enfrentar esse novo grau epidemiológico do coronavírus, os endereços de maior preocupação serão priorizados pelo Ministério. Gabbardo informou que, além de disponibilizar novos leitos de UTI, a pasta vai fazer o remanejamento de algumas unidades que estejam em estados onde a situação da doença ainda não é alarmante. E também vai criar critérios para a entrada e a saída dos leitos, reduzir cirurgias eletivas e adquirir mais EPIs.