Os estados brasileiros já podem ampliar a testagem para o novo coronavírus em profissionais da saúde e segurança. Mais de 500 mil kits começaram a ser entregues, ontem, pelo Ministério da Saúde e devem ajudar as autoridades a entender de que forma o vírus está circulando no país. Serão examinados servidores que atuam na linha de frente das unidades hospitalares, além de agentes de segurança, como policiais e bombeiros com sintomas de síndrome gripal.
A primeira remessa faz parte de um lote de 5 milhões de testes doados pela Vale. O outro montante deve chegar ainda este mês e se soma aos 8 milhões de exames de diagnóstico rápido anunciados pelo Ministério da Saúde. A modelagem de teste não possui a precisão das análises moleculares, feitas em laboratório. Por isso, os resultados serão aliados às análises estatísticas, como explicou o chefe da pasta, Luiz Henrique Mandetta. “Os testes rápidos servem para marcar se a pessoa tem ou não o anticorpo que combate o vírus. Vamos fazer em rodada para aumentar a percepção e, assim, conseguirmos usar isso como uma boa ferramenta para entender a dinâmica do vírus”.
Outro fator que deve contribuir para explosão de infecções confirmadas é a aceleração nas checagens das amostras acumuladas nos laboratórios. Com a adequação de novas máquinas e automatização do sistema, a velocidade de análise aumentará. “Hoje, o número de casos confirmados está menor do que o que está circulando. O que aumenta, em muito, a necessidade de segurar a circulação [de pessoas]. Se não fossem as medidas, provavelmente já estaríamos em uma espiral de casos. E os esforços precisam ser redobrados para não termos problema de Equipamento de Proteção Individual (EPI)”, alertou o ministro.
Evolução controlada
A avaliação feita por Mandetta coincide com as ressalvas apontadas pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois), uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), PUC do Rio de Janeiro e o Instituto D’or para monitorar a curva de crescimento da Covid-19. A quinta nota técnica, divulgada ontem, trouxe boas notícias, mas apontou que, “por mais que as medidas de contenção tenham sido tomadas logo no início da epidemia, o que se mostrou eficaz para outros países, não se pode atribuir o crescimento mais lento no Brasil exclusivamente a este fato.”
O grupo indicou que a epidemia no Brasil evolui de forma mais controlada se comparada à de países como China, Irã, Itália, Espanha e Estados Unidos. “Embora parte deste efeito possa se dever às medidas de contenção, ressalta-se que o Brasil apresenta duas dificuldades na mensuração do total de casos positivos identificados: ausência de política de testagem ampla e o atraso na obtenção dos resultados e notificações”. Um exemplo da influência destes fatores foi a análise de fechamento do dia 31 de março, quando o Brasil apresentou um aumento de 25% em comparação ao dia anterior. Em São Paulo, essa evolução foi de 54%. A recomendação geral feita pelos estudiosos e explicitada nas demais análises é de distanciamento social.