Pelo segundo dia consecutivo, mais de mil casos do novo coronavírus foram confirmados em um intervalo de 24 horas. De terça para quarta, 1.119 pacientes foram diagnosticados com a doença. O número de mortes também teve aumento diário significativo: 40 mortes de um dia para outro. Com isso, o Brasil inicia abril, mês considerado decisivo no combate à pandemia da Covid-19, com 6.836 casos confirmados e 241 óbitos. Ante os resultados, o Ministério da Saúde recomenda que se aumente o isolamento social.
“Recomendo que nós aumentemos e façamos o máximo possível de desaceleração da dinâmica social para que a gente possa pelo menos abastecer o nosso país. Se nós não fizermos retenção de dinâmica social e relaxarmos nesse grau de contágio, podemos ficar com uma série de problemas de falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI). Não estamos conseguindo adquirir de forma regular o nosso estoque”, enfatizou o chefe da pasta, Luiz Henrique Mandetta.
O ministro garantiu que todos os estados estão abastecidos, mas reforçou que, sem o esforço da população para seguir em isolamento social, poderão faltar máscaras, luvas, gorros e outros EPIs. Mandetta ainda apelou aos secretários de Saúde de todo país para que os governos municipais tentem fazer as próprias compras.
Para o ministro, o problema de abastecimento de insumos da saúde é algo que deverá ser debatido pós-pandemia. “Espero que nunca mais o mundo cometa o desatino de fazer 95% da produção de insumos que decidem a vida de pessoas em um único país”, criticou. A China, país onde a Covid-19 surgiu, é o principal destino de quem busca a compra de suprimentos para se proteger da pandemia.
O crescimento exponencial de mais de mil casos da doença, visto desde a última terça, pode ser explicado pela velocidade da realização de testes nos laboratórios do Brasil. “Esse resultado é decorrente da distribuição dos testes RT-PCR que fizemos no fim de semana e da realização destes testes. Os laboratórios estão ganhando cada vez mais velocidade e capacidade de produção. Tivemos no final de fevereiro a capacitação dos profissionais de laboratórios de todo Brasil, então, estão fazendo com mais frequência”, esclareceu o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.
O secretário-executivo, João Gabbardo, afirmou que o crescimento está dentro do esperado. A pasta previa um aumento de 33% a cada dia: “Isso não vem ocorrendo. Esse aumento não chega em 33%. Nos últimos dois dias, o acréscimo foi de 25% e 20%”.
Mandetta aproveitou para reforçar que a previsão de um grande aumento dos casos confirmados. “Isso vai fazer com que a taxa de letalidade diminua. Hoje, o número de casos confirmados está muito menor do que o número de casos que está circulando dentro da nossa sociedade”, apontou.
Letalidade
A taxa de letalidade do vírus manteve-se em 3,5%. Todas as cinco regiões do Brasil já registraram mortes em decorrência da Covid-19. Ao todo, 19 estados e o Distrito Federal têm vítimas: São Paulo (164), Rio de Janeiro (28), Ceará (8), Pernambuco (8), Piauí (4), Rio Grande do Sul (4), DF (3), Amazonas (3), Paraná (3), Minas Gerais (3), Bahia (2), Santa Catarina (2), Rio Grande do Norte (2), Alagoas (1), Paraíba (1), Goiás (1), Maranhão (1), Mato Grosso do Sul (1), Pará (1) e Rondônia (1).
A região Sudeste segue liderando o número de casos confirmados, com 4.223 registros. Em seguida, está o Nordeste, com 1.007 casos; o Sul, com 765; o Centro-Oeste, com 504; e o Norte, com 337. Os estados com as maiores taxas de incidência da doença por 100 mil habitantes são Distrito Federal, São Paulo e Ceará. “Essa turma é a mais preocupante para nós em todo território nacional”, destacou o ministro.
"Se nós não fizermos retenção de dinâmica social e relaxarmos nesse grau de contágio, podemos ficar com uma série de problemas de falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI)”
Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde