Profissionais de saúde da rede pública e privada denunciaram falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) contra o coronavírus em 520 municípios, segundo balanço divulgado pela Associação Médica Brasileira (AMB). O estado de São Paulo lidera o número de reclamações, com 855 queixas. O número representa 34% do total de denúncias, no Brasil, que é de 2.513. Logo após, estão Rio de Janeiro (273), Minas Gerais (262) e Rio Grande do Sul (218).
De acordo com a AMB, há registros sobre a falta de pelo menos três EPIs em mais de 75% dos estabelecimentos denunciados; e, em mais de 30% dos casos, todos os EPIs estão em falta. Faltam máscaras em 88% das instituições denunciadas. Em seguida estão óculos e/ou face shield (72%), capote impermeável (65%), gorro (46%), álcool em gel (35%) e luvas (27%).
Segundo nota, “médicos relataram à entidade a falta de condições adequadas de trabalho, com alta exposição ao vírus”. A insatisfação dos profissionais de saúde com a escassez de equipamento levou um grupo de trabalhadores do setor a organizar um ato para pedir Equipamentos de Proteção Individual. Em São Paulo, hospitais têm se mobilizado para evitar a falta de itens básicos.
A situação também preocupa em Brasília, onde a Secretaria de Saúde afirmou empenhar esforços para manter os estoques em níveis adequados. Para isso, a pasta pontuou, em nota, que “é de suma importância que os servidores procedam com o uso racional dos produtos em questão, de forma a evitar desperdícios e otimizar os estoques existentes. Com a dificuldade de fabricação frente ao aumento de consumo global e efetivação da entrega, terá cobertura de estoque para aproximadamente seis meses”.
Infectologista , Eliana Bicudo (CRM 6162 DF), reforçou que a “a máscara é um EPI fundamental para profissionais de saúde que estão em contato direto com pacientes graves”.
Ajuda bem-vinda
Na tentativa de ajudar profissionais de saúde a se protegerem da Covid-19, surgem iniciativas em diferentes partes do país. No DF, um grupo de motociclistas chamado Harleyros resolveu se mobilizar. O analista de Política e Indústria Claubert Pereira de Oliveira, 44, conta que o amigo, Rafael Lucchesi, dono da Motoluc, loja de acessórios e peças para motocicletas, deu a ideia. “O grupo fez uma vaquinha, arrecadando mais de R$ 2 mil, quantia utilizada para comprar insumos para a confecção de máscaras”, diz o analista.
A produção começou com impressoras 3D, mas, para agilizar o processo, mudou a fabricação. “Com máquinas de corte a laser, levamos de dois a três minutos para fabricar”. Todas as produções são feitas por meio de doações. Na Motoluc, a capacidade de produção é de até 1.500 máscaras por dia, mas, segundo, Claubert, faltam voluntários, para ajudar no processo, além de materiais, como chapas de acrílico. Os interessados podem procurar a Motoluc, localizada no SIA, Trecho 2.
Universidades também têm empenhado esforços na produção de itens de proteção. Professores do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) uniram forças. “Fizemos testes de impressão e fomos atrás das lâminas de acetato”, conta o professor do IFSC Aurélio Sabino Netto. Os equipamentos estão sendo produzidos por meio de impressoras 3D. Há registros de iniciativas parecidas em instituições de ensino nos estados da Bahia, Paraná e Rio.
*Estagiários sob a supervisão de Andreia Castro