Brasil

Com suspeita de Covid-19, motorista de app é liberado para trabalhar

O autônomo tentou seguir orientação para se isolar e receber ajuda por meio de fundo criado pela empresa para esse fim, mas não obteve o auxílio por não ter um diagnóstico definitivo

Correio Braziliense
postado em 30/03/2020 20:35
99 informou que apenas desbloqueou o cadastro do motoristaUm motorista de transporte por aplicativo de São Paulo com suspeita de coronavírus reclama não ter sido qualificado para receber um auxílio que a empresa 99 tem dado a seus parceiros diagnosticados com a doença. A plataforma informou que o autônomo não tem direito à ajuda do fundo criado para esse fim por ainda não ter um diagnóstico preciso, e o liberou para trabalhar, mesmo ele tendo recebido uma orientação médica para permanecer em isolamento.
 
Maicon Campos, 28 anos, conta que está há duas semanas com o olfato e o paladar debilitados — um dos sintomas de Covid-19. Na terça-feira passada (24/3), decidiu procurar um posto de saúde da capital paulista após sentir falta de ar. No local, foi orientado a ficar em isolamento.
 
"(No atestado médico) diagnosticaram como CID B34 (doença por vírus não especificado) por eu não ter feito teste, porque não tem teste para fazer. Porém, como estou sob suspeita e sou do grupo de risco por ter asma, me deram um formulário para o isolamento de quarentena e, assim que houver teste disponível, entrarão em contato para eu fazer", explica.
 
Atestado de Maicon e orientação para que ele fique em casa 
 
O autônomo, então, entrou em contato com a 99 — de quem havia recebido um informativo sobre a concessão do benefício. Como resposta, recebeu que a "documentação foi analisada, mas infelizmente não foi aprovada para receber o auxílio". "Porém, gostaríamos de informar que a sua conta está sendo desbloqueada e você pode voltar a fazer corridas normalmente", acrescenta o documento que ainda traz orientações relacionadas ao coronavírus, como lavar as mãos, usar álcool em gel e cobrir boca e nariz com lenço ao espirrar ou tossir. 
 
"Se eu estou sob suspeita e tenho um formulário de quarentena, eles não podem me liberar para trabalhar", avalia Maicon. "Não sei como será daqui para frente. Caso necessário, terei que devolver o apartamento e ir para a casa da minha mãe em Barretos, no interior de São Paulo", completa o motorista, que divide um imóvel alugado com outras três pessoas e não tem outra fonte de renda.
 
Procurada pela reportagem, a 99 informou, em nota, "que segue os protocolos médicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde para analisar os pedidos" e que "aceita os códigos de doença (CIDs) relacionados ao novo coronavírus". 
 

Saiba Mais

"A 99 constatou que os documentos enviados pelo motorista Maicon Campos Quirino da Silva possuíam código diferente dos que o Ministério da Saúde relaciona à Covid-19, por isso ele não teve o pedido validado", afirma a empresa.
 
Questionada sobre a liberação de Maicon para usar o aplicativo mesmo sob suspeita de infecção por coronavírus, a 99 disse que ele teve apenas o cadastro desbloqueado na plataforma. Em relação às orientações de higiene também contidas na resposta, a empresa esclarece que elas são o padrão para todos os motoristas, conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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