O administrador Alberto Violland, de 57 anos, do Rio de Janeiro, afirma que a situação é tensa no navio, em especial pela falta de informação por parte da empresa Costa Cruzeiros. “Não tem definição de nada”, disse. Segundo ele, o maior receio é que eles tenham que descer na Itália sem a certeza de que conseguirão voltar ao Brasil no mesmo dia. “Se não tiver garantia, um bilhete de avião certo, a gente não quer sair do navio. Porque o nosso medo é ser deixado no aeroporto, no epicentro do coronavírus”, ressaltou. Violland afirma que o grupo tem mantido contado com o consulado do Brasil na Itália, falando sobre a situação deles e buscando auxílio.
O aposentado Oswaldo Osório, de 66 anos, de Brasília, diz que o maior problema é a falta de informação à respeito do destino. Inicialmente, conforme o brasileiro, a intenção era descer na Espanha, mas o governo fechou os portos. Em seguida, o grupo havia sido informado que poderiam descer na França, o que não aconteceu. “Estamos sendo bem tratados, mas as informações são evasivas, não nos dá segurança e ficamos apreensivos. Estamos com medo”, disse. Osório viaja com a esposa, de 60 anos. De acordo com ele, internamente funcionários afirmam que a empresa está fretando um avião para que sejam repatriados.
Entretanto, o homem relata o temor de não conseguir retornar ao Brasil e acabar ficando alguns dias na Itália. “As informações são escassas. Isso não nos dá tranquilidade. Além disso, estamos apreensivos com o que vamos ver lá fora”, disse. Até então, os passageiros foram informados que dentro do navio não há casos de contaminação pelo coronavírus. O aposentado explica que o que querem é a garantia de que irão sair do navio e serem colocados imediatamente em um voo para o Brasil.
A idosa Lisete Antunes Barcelos, de mais de 70 anos (não quis informar a idade), contou ao Correio que o atendimento no navio é excelente, mas que há uma falta de comunicação que deixa todos apreensivos. “Você não vê um representante para dar mais informações. Tudo o que temos é de terceiros. Você não vê a figura do capitão”, disse.
Ela viaja com o marido de 83 anos, que é portador de uma cardiopatia. Lisete conta que a filha é médica e pediu para que ela não saia do navio na Itália. “Ela disse que a Itália é o pior lugar do mundo no momento, para que eu não aceitasse. Mas se todo mundo descer…O comandante é o chefe do navio. Se eu não aceitar, eles vão pegar uma polícia e me prender. Sou obrigada a descer aqui. Eu estou achando tudo isso um absurdo”, pontuou.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da empresa, que garantiu estar "trabalhando incessantemente para encontrar as melhores soluções e garantir uma viagem segura de volta ao destino original dos hóspedes". Segundo a empresa, todos os passageiros devem desembarcar no sábado (21/3) e voltarão para seus locais de origem. "Infelizmente, as autoridades francesas não permitiram o desembarque de nenhuma outra nacionalidade em Marselha devido às recentes decisões do Governo de restringir as viagens ao país", pontuou.
A empresa sustentou que "uma vez desembarcados, os hóspedes serão acompanhados em seus voos e as transferências serão organizadas pela Costa". "Todos os procedimentos de saúde estão de acordo com as últimas diretrizes internacionais. No momento, a situação de saúde a bordo é regular e não há nenhum problema. O monitoramento e a triagem a bordo estão sendo realizados para garantir que a situação esteja sob controle e para preservar a saúde dos hóspedes e da tripulação antes do desembarque", declarou.