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OMS diz que África precisa se preparar para coronavírus e sugere restrições

Representantes dos países africanos na Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmaram nesta quinta-feira, 19, que o continente precisa se preparar melhor para enfrentar a pandemia do coronavírus, reforçando a capacidade de identificar casos de contaminados e com a adoção de medidas de restrição de circulação de pessoas. A África tem 659 casos de coronavírus em 30 países. As declarações da OMS à imprensa nesta quinta-feira tiveram como foco principal a região com 1,2 bilhão de habitantes e 54 nações. A diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, afirmou que identificar os infectados, isolá-los e descobrir de onde veio a contaminação é fundamental para conter o avanço do coronavírus. Além disso, ela defendeu a restrição de circulação de pessoas, o fechamento de escolas e sugeriu que as pessoas devam evitar aglomerações. "Quanto mais cedo adotarmos essas medidas de precaução antes que o vírus se espalhe, é melhor. É a coisa sábia a se fazer". Na quarta-feira, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a África deveria se "preparar para o pior". "Meu continente deveria acordar", afirmou. O cenário de países como China, Itália, Irã e Espanha, os mais afetados pela pandemia, começa a se espalhar pelas cidades africanas: centros comerciais fechados, ruas vazias, lojas sem movimento e escolas sem alunos. Uma das precauções manifestadas foi a possibilidade de contágio rápido em grandes capitais como Lagos (Nigéria), Cairo (Egito), Kinshasa (Congo) e Luanda (Angola), todas metrópoles com milhões de habitantes e condições precárias de saneamento e transporte público. "Precisamos engajar as comunidades para criarmos uma rede de contato e adotar a vigilância. Todos os líderes locais e ONGs precisam estar à mesa para discutir esse assunto", afirmou Owen Kaluwa, representante da OMS para a África do Sul, onde há 116 casos confirmados. O país adotou medidas como a proibição da entrada de estrangeiros vindos de EUA, Reino Unido, China e Itália. Suspendeu aulas em escolas e universidades por um mês e fechou importantes portos. Bares e restaurantes terão de limitar o número de clientes e reduzir os horários de atendimento. As autoridades também destacaram a necessidade de reforçar a capacidade de testes em parceria e cooperação com o setor privado. "Precisamos aumentar o acesso aos testes, a detecção e adotar as medidas necessárias", disse Lucile Imboua-Niava, representante da instituição para o Senegal. No Senegal, as escolas e mesquitas foram fechadas e os voos foram reduzidos drasticamente desde o dia 13 de março. Há 37 casos confirmados no país de 15 milhões de pessoas, onde um canal de televisão tem transmitido aulas para as crianças.