Brasil

Com 4 mortes, SP fecha lojas

Todas as vítimas são homens, idosos e moradores de São Paulo. Com 56% dos 428 casos nacionais, governador João Doria endurece as medidas para tentar conter o vírus no estado



O novo coronavírus avança pelo Brasil e a previsão para as próximas semanas é de que a doença ganhe proporções ainda maiores. “Sabemos que existem casos acontecendo em paralelo que ainda não estão nas estatísticas. Então, devemos começar a perceber agora a subida dos casos”, projetou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foram confirmadas quatro mortes pela doença no país e o número de positivos aumentou mais de 30% em menos de 24 horas. A contabilização oficial mostrava  um total de 428 pessoas infectadas e outras 11.278 sob investigação.

Apesar das previsões, Mandetta ressaltou que o Brasil tem pontos positivos no combate contra o novo vírus, como o Sistema Único de Saúde (SUS). “A maioria dos países começou a perder pacientes quando chegou em 80 casos. A gente aguardava que em algum momento teríamos que dar essa notícia, mas nós tivemos o primeiro óbito quando já tínhamos praticamente 300 casos confirmados”, pontuou.

Ontem, o ministério revelou mais três óbitos por causa da Covid-19. Todas as vítimas são homens e moradores do estado de São Paulo. Eles estavam internados em hospitais particulares e estão no grupo de risco, já que são idosos. Um dos pacientes tinha 85 anos e morava na capital paulista. A segunda vítima, 65 anos, morava na mesma cidade e tinha comorbidades.

O outro homem, de 81 anos, era do município de Jundiaí. O primeiro caso foi anunciado um dia antes. Se trata de um aposentado, de 62 anos, que apresentou os primeiros sintomas em 10 de março. Ele foi internado na UTI quatro dias mais tarde e faleceu em 16 de março. A informação, no entanto, só foi declarada oficialmente na terça (17).

Em coletiva na tarde de ontem, o coordenador do centro de contingência contra o coronavírus em São Paulo, David Uip, disse que o governo local só foi informado sobre a morte após a confirmação de que teria sido causada pelo novo vírus, resultado que saiu no dia seguinte ao falecimento do paciente. “O hospital não comunica a gravidade de doentes. Essa comunicação é feita e é obrigatória a partir do momento da identificação do agente causal. Então isso explica o que aconteceu no caso”, justificou o infectologista.

Prevenção
Epicentro da Covid-19 no país, São Paulo endurece as medidas para tentar conter o vírus e trabalha junto ao Ministério da Saúde em busca de mais recursos para a região. Shoppings e academias da região metropolitana ficarão fechados até o dia 30 e o governo ativará mais 1,4 mil leitos de UTI em todo o estado. Sozinha, a unidade federativa acumula 56% dos casos nacionais e é a única que confirmou mortes até o momento.

Secretário de estado da Saúde, José Henrique Germann estima que 20% dos pacientes infectados pelo novo coronavírus são considerados casos graves e estão hospitalizados. “O nosso atendimento está normal e temos total condição de atender esses pacientes que são parte da curva dos mais graves e dependem da hospitalização. Nesse sentido, estamos nos preparando para que essa demanda aumente e que tenhamos uma oferta condizente”, afirmou Germann.

Os leitos previstos para dar suporte aos doentes serão distribuídos de acordo com a demanda, ficando a maior parte concentrada na capital, que concentra 214 dos 240 casos confirmados do vírus. Para colocar os equipamentos em funcionamento e com equipes médicas responsáveis pelo monitoramento, o governo federal repassou R$ 92 milhões a São Paulo. O montante faz parte da conta de distribuir R$ 2 per capita para cada estado. O governador João Doria afirmou, no entanto, que o montante não é suficiente para lidar com os desdobramentos da crise. “Respeito muito a decisão do ministro em conceder o recurso por estados, mas a necessidade de SP é maior e, por isso, faremos nova solicitação oportunamente”, garantiu.

O prefeito Bruno Covas também assinou um decreto ontem determinando o fechamento do comércio da cidade de São Paulo até 5 de abril. Apenas o atendimento presencial será interrompido, podendo os comerciantes continuarem com as vendas por telefone, sites e aplicativos. Apenas supermercados, farmácias, postos de gasolina, lojas de conveniência, restaurantes, feiras livres e lojas de produtos de animais poderão permanecer com as portas abertas.