Correio Braziliense
postado em 12/03/2020 04:06
O pesquisador e professor David Nemer teve de fugir do Brasil em dezembro de 2019, depois que as ameaças que vinha recebendo se tornaram mais sérias. “No Brasil, eu não tinha nenhuma garantia de segurança”, diz. Ele é professor do Departamento de Estudos de Mídia na Universidade da Virgínia e desenvolve pesquisa sobre grupos de apoio a Bolsonaro no WhatsApp. Morando nos Estados Unidos, Nemer não sabe quando poderá visitar a terra natal e os familiares novamente. “Com tudo isso, a minha pesquisa fica comprometida”, afirma.
Além de investigar grupos on-line, Nemer faz estudos em campo, principalmente nas favelas de Vitória (ES). No fim do ano, estava em São Paulo quando recebeu um e-mail anônimo. A mensagem trazia uma foto dele de costas, dizia que o paradeiro dele era conhecido e que era melhor ter cuidado. Após ser orientado por um policial, o docente decidiu deixar o país o mais breve possível. “Eu me senti extremamente privilegiado de poder pegar o primeiro avião e sair do Brasil, mas fico pensando na grande maioria das pessoas que, ao sofrerem ameaças do tipo, não teriam esse privilégio”, pondera.
Nos Estados Unidos, o mestre em ciência da computação pela Universität des Saarlandes, na Alemanha, e doutor em informática pela Indiana University supõe estar seguro. Nemer começou a monitorar grupos de WhatsApp pró-Bolsonaro em março de 2018. Toda vez que publicava um artigo ou era entrevistado, recebia e-mails de intimidação. O primeiro deles, em outubro de 2018. Os mais recentes resultados da pesquisa de Nemer mostram que, “após serem usadas para disseminar fake news que ajudaram a eleger Bolsonaro”, grupos de WhatsApp continuam mobilizados e ainda funcionam como plataformas de radicalização. (APL)
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.