Após se livrar da acusação de homicídio no júri popular do caso Daniel, Cristiana Brittes quebrou o silêncio e falou pela primeira vez em público sobre a noite que culminou na morte do jogador Daniel Correa, em outubro de 2018. Ela afirmou que foi a primeira vítima naquele dia 27.
A entrevista na casa em que ocorreu parte do crime foi para o Conexão Repórter, com Roberto Cabrini, no SBT. Nela, Cristiana falou sobre os momentos que antecederam a morte de Daniel e sobre 11 meses em que ficou presa acusada de participar do crime e de atrapalhar as investigações.
Cristiana afirmou que ficou feliz e aliviada com a decisão de ela não ser pronunciada pela acusação de homicídio. "Eu sofri demais com a injustiça de ter sido presa. Eu fui vítima de um crime e fui presa. Eu não cometi nenhum crime", afirma. A mulher do assassino confesso, no entanto, ainda será julgada por fraude processual, corrupção de menor e coação no curso do processo.
Questionada sobre quem matou Daniel, Cristiana disse que foi o marido, mas que quem causou a morte foi o próprio jogador. "Ele provocou a morte dele quando ele entrou no meu quarto, quando ele não respeitou minha casa, não respeitou minha cama, não me respeitou", conta.
O que aconteceu na casa?
Segundo Cristiana, após a saída da balada não era para acontecer nenhuma continuação da festa na casa dos Brittes e que o jogador não foi convidado para o local.
Ela disse diversas que estava bêbada e que não lembra dos detalhes. "Fui vítima do Daniel. Fui a primeira vítima daquela noite. Fui Importunada sexualmente, ele veio sem ser convidado, entrou no meu quarto, tirou as calças, subiu na cama e me importunou sexualmente”, diz.
"Ele (Daniel) estava em cima de mim, pegando nos meus seios, de cueca, com o pênis de fora, se esfregando em mim. Neste momento eu não entendi o que estava acontecendo. Daí eu gritei e pedi socorro e depois não sei mais descrever o que aconteceu", relembra.
Ela também negou que houvesse qualquer convite para a sexo a três entre o casal Brittes e o jogador. "Eu nunca fiz isso e nunca vou fazer. O Edison foi o primeiro e único homem da minha vida", afirma.
Edison Brittes e Cristiana estão casados há 20 anos e, além de Allana, possuem uma outra filha de 12 anos.
Os momentos na prisão
Cristiana também comentou sobre os momentos na prisão. "Muita dor, muito sofrimento. Minha vida foi destruída naquele dia também. Minha vida de certa forma acabou naquele dia. Fui presa, perdi praticamente tudo, perdi minha dignidade, minha honra, fui violada como mulher, a minha família foi destruída", afirma.
Relembre o caso Daniel
O jogador Daniel Corrêa Freitas foi encontrado morto e degolado em 27 de outubro, em São José dos Pinhais (PR), após participar da festa de aniversário de Allana Brittes, em uma boate de Curitiba. A comemoração continuou na casa da família Brittes.
As investigações apontaram que ele foi agredido na casa após ser flagrado na cama com Cristiana Brittes. O assassino alega que Daniel tentou estuprar a mulher, versão que a polícia e o Ministério Público descartam. A defesa e a própria Cristiana falam, agora, em "importunação sexual."
Edison Brittes, Cristiana Brittes e Allana foram presos quatro dias após o crime. Logo depois, às investigações levaram à prisão de mais três pessoas que estavam na casa e teriam participado da execução do jogador.
Inicialmente, a Polícia Civil denunciou seis pessoas: a família Brittes e os três presentes na casa que teriam participado da agressão. O Ministério Público do Paraná, porém, decidiu denunciar também Evellyn Brisola Perusso, a jovem que trocou beijos com o jogador horas antes da morte.
Veja os crimes que os réus responderão no júri popular
Edison Brittes Júnior — homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima), ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor e coação no curso do processo;
Cristiana Brittes — coação do curso de processo, fraude processual e corrupção de menor;
Allana Brittes — coação no curso do processo, fraude processual e corrupção de adolescente;
Eduardo da Silva — homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima), ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
Ygor King — homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima), ocultação de cadáver e fraude processual;
David Willian da Silva — homicídio triplamente qualificado(motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima), ocultação de cadáver e fraude processual;
Evellyn Brisola Perusso — fraude processual.
Veja a entrevista na íntegra
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