Brasil

Informação contra pânico

Ministério lança campanha de esclarecimento da população sobre como se precaver contra a Covid-19 e evitar a disseminação de fatos falsos, que somente promovem a insensatez



O Ministério da Saúde deu início ontem à Campanha de Prevenção ao Coronavírus com o objetivo de evitar a disseminação do pânico, causada pela desinformação, e de medidas insensatas — como o de estocar em casa máscaras e álcool em gel, cujas compras dispararam depois da confirmação do primeiro caso no Brasil. Para esclarecer sobre a forma de transmissão do agente infeccioso, vídeos estão sendo veiculados desde ontem na internet, no rádio e na televisão em todo o país.

O Brasil tem 182 casos sob investigação — até ontem eram 132 — e 71 foram descartados. O Ministério anunciou que não atualizará o número de casos no Brasil, excepcionalmente, neste final de semana, devido ao aumento do número de notificações. O balanço só será oficialmente atualizado na próxima segunda-feira. Na nova campanha de esclarecimento, a pasta investiu R$10 milhões.

Com o crescimento no número de suspeitas, outra medida anunciada pela pasta foi a ampliação da capacidade laboratorial para realização dos testes específicos de coronavírus. “A nossa ideia é ampliar para que todos os laboratórios centrais possam realizar. Estamos adquirindo testes da Friocruz e eles serão validados perante esses laboratórios centrais dos estados”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira. Até o momento, somente a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Adolfo Lutz, o Instituto Evandro Chagas e o Laboratório Central de Goiás — que fez parte da operação de repatriação dos brasileiros de Wuhan — faziam o teste específico do novo vírus.

A partir de semana que vem, os laboratórios centrais do Rio Grande do Sul, do Espírito Santo, de Sergipe, de Minas Gerais, de Manaus e do Amazonas vão receber o kit para validação e capacitação para que possam realizar esse teste. “Estamos ampliando a capacidade dos laboratórios centrais, que já faziam uma análise para vírus respiratórios comuns. Eles usarão uma máquina que já possuem, mas receberão insumos para realizar os exames específicos para o novo vírus neste equipamento — além de receberem capacitação”, explicou Wanderson.

Vacinação


O Ministério adiantou ainda que, para a Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe, antecipada para o próximo dia 23, o Instituto Butantan produziu 75 milhões de doses da vacina trivalente, que previne contra três tipos de vírus de influenza. As doses serão divididas em fases: na primeira, 18 milhões serão distribuídas às gestantes, crianças até seis anos e mulheres até 45 dias após o parto; na segunda, os idosos serão atendidos com cerca de 25 milhões de doses; e, na terceira, outros grupos, como forças de segurança, poderão se imunizar.

Além disso, o Ministério adquiriu 2,5 milhões de doses de vacina monovalente contra a H1N1 para situações de emergência. O infectologista do Hospital Universitário de Brasília, André Bon, explica que a imunização contra influenza é necessária por se tratar de um dos vírus com maior letalidade. “A vacina contra a gripe não previne o coronavírus, mas influencia indiretamente nas manobras de contenção. Adiantar a campanha de vacinação é uma estratégia para diminuir a procura. O objetivo é não provocar um inchaço da rede pública e delimitar mais facilmente os casos”, esclareceu.

Pandemia


A Organização Mundial da Saúde elevou ontem o risco da epidemia para “muito alto”, o maior da escala. Mesmo assim, a OMS não considerou a situação com o novo vírus como uma pandemia. De acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, 46 países tiveram confirmações.

De acordo com infectologistas, uma pandemia só pode ser declarada quando há o aparecimento de surtos simultâneos em diversas regiões do mundo. Para Wanderson de Oliveira, o novo vírus deveria ser tratado pela definição de pandemia, que, segundo ele, ajudaria no controle da doença.

“O ministro (da Saúde, Luiz Henrique Mandetta) tem reiterado a necessidade de uma revisão do critério de epidemia e pandemia. Vai nos permitir focar principalmente nos grupos etários mais vulneráveis, que são adultos acima de 60 anos”, explicou.